Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 075: Mundos em performance: interfaces entre antropologia e arte
Entre Piadas, Poesias, Ritmos: Relações De Poder Entre Surdos E Ouvintes Por Meio De Performances
Diferenciadas
Este trabalho tem como objetivo compreender as relações de poder de linguagem e educação no contexto de
pessoas surdas vivendo em sociedade majoritariamente de pessoas ouvintes a partir de análises de
performances artísticas de surdos(as) em Língua Brasileira de Sinais (Libras). A questão problematizadora
que conduziu este trabalho foi como a experiência de Ser surdo em uma sociedade envolvente de maioria
ouvinte é colocada em relevo em momentos específicos de comunicação, como a poesia e contação de piadas. O
tema é de relevância para refletir sobre as experiências de Ser uma pessoa surda com uma alteridade de
linguagem e de corporeidade e de como essas diferenças são tensionadas nas relações e práticas educacionais
estabelecidas para esses sujeitos. Além disso, é importante esse debate para compreender as experiências dos
sujeitos educativos surdos(as) em relação às práticas escolares em que foram/estão inseridos, a partir de
suas performances. A pesquisa teve por base a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativa por meio de
levantamento de referências para o embasamento teórico acerca do tema e análise e interpretação dos dados.
Os dados do corpus da pesquisa foram coletados em pesquisas de campo realizadas no ano de 2018 com sujeitos
surdos(as) na cidade de Boa Vista/RR, através de observação e registro em vídeo de performances artísticas
em evento denominado Sarau Bilíngue. Como resultados encontrados observamos que a celebração do Ser surdo(a)
e a valorização e exibição da Lingua Brasileira de Sinais se dá por meio das performances artísticas. Em
momentos específicos de comunicação como esses, os surdos(as) colocam em relevo suas experiências nas
diferenciadas formas de relações de poder em que estão permeados nas articulações com a sociedade envolvente
ouvinte. As performances analisadas se caracterizam por uma configuração estrutural diferente na maneira
cotidiana de comunicação, revelando o surdo(a) como protagonista principal num mundo onde a diferença
representada pela surdez o marginaliza e exclui. Além disso, concernente às experiências dos surdos(as) na
educação, as produções bibliográficas científicas que embasaram o referencial teórico evidenciam que,
historicamente, esse grupo foi pensado a partir da visão dos não-surdos, o que produziu práticas escolares e
sociais em que os surdos são uma minoria social e linguística que precisa ser incluída nos projetos e
currículos escolares.
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