Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 011: Antropologia da técnica
A marcha das panelas e temperos: ritmos e técnicas do corpo na produção de tempo e espaço em uma cozinha profissional
Quando Leroi-Gourhan classificou o ato humano por excelência como “a criação de um tempo e espaço humanos” (Leroi-Gourhan, 1993, p. 313), ele não estava necessariamente pensando nos ritmos e dinâmicas do trabalho de cozinhas profissionais, mas poderia muito bem estar. Seja ao controlar o tempo de cocção, mantendo-se alerta às transformações das substâncias e respondendo de acordo, seja no corte e preparo de ingredientes, inserindo-se num sistema que envolve ferramentas, insumos e espaços, seja circulando pela cozinha e respondendo “contínua e fluentemente a perturbações do ambiente percebido” (Ingold, 2010, p. 18 apud Ingold, 1993a: 462), o cozinheiro vê-se constantemente participando do ritmo que produz e é produzido pelo ambiente, utilizando-se de uma “educação dos movimentos” (Mauss, 2003) para “em face das proclividades anárquicas de seus materiais, [...] manter alguma aparência de controle sobre o que se passa” (Ingold, 2012, p. 35). Assim, o trabalho proposto por este resumo trata-se de uma parte de um dos capítulos de minha dissertação de mestrado, e parte de uma cena etnográfica na cozinha de um restaurante árabe de Florianópolis (SC) para questionar: como as relações entre cozinheiros, ferramentas e alimentos dentro do ambiente técnico da cozinha podem produzir um espaço e tempo próprios em que coisas, alimentos e pessoas estão em fluxo?
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