Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 069: Maternidades Violadas: desigualdades, violências e demandas por justiça e direitos
Itinerários de abandono e Justiça Reprodutiva: Uma etnografia da Morte Materna em Pernambuco
Nos últimos anos, a cifra estatística da morte materna aumentou drasticamente no país, como mostrou o
Observatório Obstétrico Brasileiro do Ministério da Saúde (MS). Em 2021, por exemplo, a taxa de morte
materna se equiparou à taxa de 1998, com 110 mortes de mulheres a cada 100 nascidos vivos. Em Pernambuco,
onde tenho acompanhado as ações do Comitê Estadual de Estudos de Morte Materna (CEEMM - PE), o fechamento de
maternidades de referência, a alta rotatividade de profissionais nos serviços de saúde, a fragilidade da
articulação entre os serviços de referência e contra-referência, a falta de abastecimento de métodos
contraceptivos nas unidades básicas de saúde se somam aos fatores que contribuem com a manutenção da alta da
morbimortalidade materna. Além destes aspectos relacionados à estruturação dos serviços, importa destacar a
necropolítica que acompanha os indices de mortalidade materna, já que pelo menos 65% se trata de mulheres
pretas e partas, como apontou o Boletim Epidemiológico de Morte Materna em Pernambuco (2021). Frente a este
contexto, busco apresentar os resultados preliminares da pesquisa que venho desenvolvendo desde 2021 sobre
as consequências da morte materna em Pernambuco, tendo como principal interlocução as integrantes do
CEEMM-PE. Meu argumento é o de que além de evitável, as mortes maternas são produzidas em diferentes
itinerários de abandono que dificultam e, impedem, que um ciclo de violações de direitos seja interrompido,
da mesma forma que impede que Justiça Reprodutiva seja garantida para meninas, mulheres e pessoas que
gestam.
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