ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 074: Modos de aprender e de ensinar a antropologia: desafios contemporâneos da formação e da escrita em antropologia
Lésbicas escrevendo cultura
O pensamento lésbico questiona a invisibilidade das existências lésbicas nos espaços de produção e difusão de conhecimento, por isso a escrita desde dissidências sexuais nos desafia a lesbianizar a ciência produzindo e socializando teorias lésbicas nos espaços formais de educação. Essa é a política da visibilidade, que tem como desafio informar a sociedade e a comunidade académica sobre a existência de outros mundos fora da heterossexualidade. Por este motivo, este trabalho busca refletir sobre a escrita lésbica desde uma perspectiva antropológica, como forma de visibilizar as etnografias lésbicas produzidas na antropologia brasileira. Nesse sentido, exploro a complexa relação entre sexualidades dissidentes e antropologia, delimitando como a temática da sexualidade se constituiu como um objeto relevante para a antropologia. A partir disso, apresento um mapeamento das etnografias lésbicas produzidas a partir dos anos noventa até a contemporaneidade, em primeiro lugar, apresentando as antropólogas que foram pioneiras e, em segundo lugar, as novas antropólogas que ampliaram e diversificaram a discussão sobre lesbianidades. Portanto, este trabalho tem como finalidade delimitar as características das etnografias lésbicas, entendidas como trabalhos antropológicos escritos por e sobre lésbicas, para refletir de que forma a sexualidade pauta a experiência de quem se encontra na encruzilhada da escrita cultural. Entendo que a escrita é uma forma de modificar e transformar a cultura, para escrever novos significados desde experiencias que rompem com a heteronormatividade. Deste modo, proponho entender as lésbicas como criadoras e transformadoras culturais a partir de sua escrita, ou seja, as lésbicas escrevem cultura feminista em rebeldia e resistência.