ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 058: Experiências com laudos antropológicos no Brasil profundo
O tempo não-etnográfico: notas críticas sobre a atividade antropológica nos Licenciamentos Ambientais do Brasil
A proposta deste trabalho é apresentar um dos contextos do desenvolvimentismo no Brasil. Trata-se, portanto, de uma análise crítica a respeito do empreendimento de duplicação da rodovia federal BR 364 previsto para o centro-oeste brasileiro nas próximas décadas. Os povos Nambikwara, habitantes milenares dessa região do país, são os primeiros e principais atingidos pelo projeto caso ele venha a ser viabilizado. No entanto, apresento aqui reflexões que alertam para o modus operandi e para os litígios que tornam a consulta antropológica limitada e reificada no licenciamento, acarretando, dessa forma, prejuízos infralegais e constitucionais para os povos étnicos e tradicionais atingidos uma vez que as temporalidades envolvidas nos processos burocráticos tendem a ser aceleradas para o empreendimento e retardadas para a garantia de direitos étnicos. O texto apresentará uma análise sobre esse contexto a respeito do fator tempo no fazer antropológico em Licenciamentos Ambientais com base nos estudos já realizados por Johannes Fabian em O Tempo e o Outro: como a Antropologia estabelece seu objeto (1983), por Raquel Oliveira Santos Teixeira, Andréa Zhouri e Luana Dias Motta em Os estudos de impacto ambiental e a economia de visibilidades do desenvolvimento (2021) bem como por Deborah Bronz em Do campo etnográfico ao campo político: uma análise dos bastidores do licenciamento ambiental (2020).