Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 080: Ontologia e Linguagem: línguas indígenas, artes verbais e retomadas linguísticas
O levante e o protagonismo indígena na construção de políticas linguísticas na Década Internacional das
Línguas Indígenas
O presente trabalho discute o protagonismo indígena na Década das Línguas Indígenas no Brasil (DILI -
2022-2032). Esse protagonismo se fortalece por um amplo processo de articulação e organização política em
torno da pauta de fortalecimento das línguas indígenas no Brasil a partir da criação, em abril de 2021, do
Grupo de Trabalho Nacional para a DILI. O GT Nacional é um movimento coletivo, independente e autônomo. É
constituído de uma equipe composta por indígenas de todas as regiões do Brasil e um conjunto de parceiras/os
ligados à instituições governamentais e não-governamentais, organizações/entidades indigenistas e
científicas. Atualmente, o GT se subdivide em três frentes de atuação: Línguas Indígenas Orais; Línguas
Indígenas de Sinais e Português Indígena; além de GTs regionais e estaduais. Esse GT elaborou e encaminhou,
à Unesco, o Plano de Ação para a Década Internacional das Línguas Indígenas. Pautados sob o lema Nada para
nós sem nós, afirmado na La Declaración de Los Pinos Chapoltepek (2020), o GT se constitui a partir da
participação efetiva dos povos indígenas nos processos de tomada de decisão, planejamento e implementação
das ações na DILI. No decorrer desses anos de atuação, uma série de documentos oficiais já foram
construídos, o mais recente é o documento intitulado Diretrizes para a criação de políticas linguísticas
para o fortalecimento das línguas indígenas no Brasil (2023), protocolado junto à Fundação Nacional dos
Povos Indígenas (Funai) e ao Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Os documentos elaborados pelo GT reúnem
propostas e anseios dos povos indígenas brasileiros e dos diferentes agentes engajados com os direitos
linguísticos desses povos, voltados à promoção, valorização, reconhecimento, difusão e vitalização das
línguas indígenas brasileiras. Encontramo-nos em momento crucial diante do perigo de adormecimento de muitas
línguas ancestrais no Brasil e no mundo, no qual a defesa dessas línguas se mostra central na garantia dos
direitos dos povos indígenas e de sua diversidade linguístico-cultural. Nesse sentido, há um chamado
ancestral para os povos indígenas e seus parceiros, para construirmos espaços coletivos e colaborativos,
conectando projetos de fortalecimento, revitalização, retomada, fortalecendo nosso espírito, nossa
ancestralidade, nosso território, nossa língua (Altaci Kokama).