ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 005: Antropoceno, Colonialismo e Agriculturas: resistências indígenas, quilombolas e camponesas diante das mutações climáticas
VIDA EM MUTIRÃO: uma etnografia sobre ações coletivas e formas possíveis de habitar a comunidade Alegria em Timbiras, Maranhão.
Este artigo tem como objetivo investigar, de maneira inicial, a partir da etnografia, processos de resistência, os limites e as possibilidades de re-habitar o território a partir das ações corporais sob a ótica de mulheres da comunidade Alegria (território Campestre), localizado na região dos Cocais, no município de Timbiras, Maranhão (distante 284 km da capital São Luís). Visa ainda, narrar as experiências de afetação vividos por mim durante as etapas do mutirão – mobilizações coletivas para reflorestamento em áreas altamente desmatadas – da construção do SAF (Sistema Agroflorestal). As fazendas e empreendimentos em curso sobre as 22 comunidades que compõem o território onde vivem cerca de 360 famílias e que compreende uma área de 17.000 hectares são marcadas por um contexto de violências socioambientais desencadeadas pelas fronteiras agroextrativistas que avançam sobre essas terras, impondo novas prática, derrubando matas, envenenando rios e promovendo um verdadeiro estado de guerra. Os mutirões de reflorestamento na comunidade Alegria apresentam-se como lócus interessante para análise das técnicas corporais utilizadas durante o trabalho, sobretudo braçais. A partir das vivências em campo e de formulações teórico-metodológicas foi possível compreender que as mulheres, em especial, reivindicam e constroem uma forma de habitar o território contrastante com os fazendeiros e empresas com quem disputam a terra, na tentativa de pensar outras relações de cuidado e interdependência entre humanos (não-humanos?) e a natureza.