Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 009: Antropologia da Economia
A luta é no básico: Práticas econômicas ordinárias entre motofretistas no estado do Rio de Janeiro.
Este trabalho se propõe a destacar as práticas econômicas ordinárias entre as motofretistas cariocas, também chamadas de motogirls. A partir da vida de Rose, motogirl, diarista e artesã, e de outras motogirls, viso explicitar etnograficamente uma série de estratégias utilizadas para a marcação dos dinheiros. Estas práticas podem ser pensadas através dos conceitos de earmarking (ZELIZER 2009,2011), os dinheiros da casa como nexo prático-valorativo de conexão entre as relações na e via a casa (MOTTA 2014, 2023), e dos usos sociais do dinheiro para ganhar a vida (NEIBURG, 2022). Boletos caseiros, listas e tabelas fazem parte de um cotidiano de incertezas e instabilidades agravadas pela pandemia da COVID-19, mas vividas constantemente. Traço inicialmente um breve panorama da trajetória das experiências laborais de Rose, seu início das entregas e algumas motivações de suas escolhas. A experiência de minhas interlocutoras demonstra que o trabalho com entregas se iniciou a fim de suprir as necessidades da casa, a qual não pode ficar descoberta. Este aspecto se relaciona com a necessidade de manter a reprodução e manutenção da vida material e social. Categorias como dinheiro das entregas, coisinhas dos filhos, contas grandes e/ou pequenas aparecem frequentemente em seus relatos. Tais categorias convergem para a noção de dar conta, habilidade que recebe múltiplos significados e direcionamentos morais, e que também remete ao equilíbrio necessário para pilotar uma motocicleta.
Palavras-chave: Motofretistas, dinheiros da casa, earmarking.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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