Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 014: Antropologia das Relações Humano-Animais
O dia do abate
Resumo: Este trabalho é um relato etnográfico sobre o dia do abate de um porco em um sítio no interior do Espírito Santo. A reflexão que segue foi organizada em duas sessões essenciais para conduzir o debate sobre as relações entre humanos e animais que constituem o processo da criação à morte dos porcos para o abate doméstico. A primeira sessão descreve o abate em detalhes, desde a insensibilização do animal até a sangria e o esquartejamento, além dos eventos paralelos que acompanham o processo. A segunda sessão do artigo fornece ao leitor uma perspectiva teórica sobre a agência dos não humanos, mais especificamente dos porcos, destacando que a matança do porco é interpretada como um evento que nos permite desenvolver uma reflexão sobre as relações humano-animais no mundo rural. O dia do abete envolve: a participação de várias famílias, que contribuem com a mão de obra em troca de parte do animal; a ocorrência anual do abate, geralmente próximo ao dia 20 de dezembro, para assegurar fartura nas refeições de fim de ano; e a divisão da carne - "quem ficará com o pernil?". O argumento deste artigo é que na antologia rural, os animais constituem uma rede na qual, mesmo quando transformados em alimento, ainda são agentes, fortalecendo laços familiares e de vizinhança, envolvendo a partilha de alimentos em um contexto de festa e convívio social O porco é um animal do sítio, e a carne deste animal neste contexto é alimento e não produto. Fundamentalmente, este artigo propõe que neste contexto rural, pode-se distinguir da forma como os animais são transformados em objetos de consumo desanimalizado e a questão da moralidade e dilemas morais envolvidos no abate comercial de carne.
Palavras -chaves: Relações humano-animais; Abate animal; antropologia rural;
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