ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 067: A Pesquisa Antropológica e os Estudos sobre violência em meio escolar: Críticas e Contribuições
Do bege ao preto: etnografia no CRIAAD, Niterói (RJ).
Esse trabalho tem por objetivo refletir através de um olhar etnográfico sobre continuidades e descontinuidades nos anos de 2021 e 2023 do CRIAAD (Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente) no município de Niterói- RJ. A pesquisa em tela foi desenvolvida no âmbito do Programa de Pós- Graduação em Justiça e Segurança (PPGJS/UFF) iniciada em 2021 resultando na dissertação de mestrado da primeira autora e retomado em 2023. Esse estudo tem por metodologia a etnografia de documentos e a observação participante, assim o trabalho de campo resulta da experimentação sensorial propiciada pela etnografia, enquanto forma de investigação. Em 2021, na chegada ao local foi observado muros muito altos e na cor cinza. Os agentes socioeducativos, em uniforme bege. Já em 2023, o muro da entrada agora está verde e amarelo, pode ter haver com a gestão federal anterior, nacionalista e fascista. Ao tocar a campainha, escuto o som forte de tranca e cadeado. Sou recebida pelo agente socioeducativo que veste uma farda preta, botas coturno, seu sobrenome e tipo sanguíneo no canto esquerdo e no lado direito seu crachá na altura do peito. De 2021 para agora eles estão ainda mais parecidos com a imagem de um policial. Esse trabalho obteve como resultado a diminuição do quantitativo de adolescentes acompanhados. No ano de 2021 havia 100 adolescentes, enquanto nesse ano há apenas 11, já o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) acompanhava, em 2021, 60 adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, atualmente somente 15. Em observação do grupo de trabalho da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei estadual com os 92 municípios que compõem o estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda, Macaé apontaram também para o baixo quantitativo de adolescentes em suas unidades. Reflete-se que o fato dos adolescentes não chegarem até as unidades do Degase e CREAS pode estar relacionado ao aumento do quantitativo de auto de resistência no estado do Rio de Janeiro, e a politíca de regulação de vagas implementada pelo CRIAAD. Quanto ao acesso à escola a matrícula é realizada de forma on-line sem dificuldades porém adolescentes são inseridos em classe junto a crianças. Essa mesma escola denomina esse adolescente como "problema" e classifica como "evasão" a não permanência dos mesmos. No CRIAAD estão matriculados em escola pública próxima à unidade já no meio aberto a escola é a mais próxima da residência e a equipe técnica diz que a escola "não adere" a esse adolescente. Em relação ao tratamento terapêutico do adolescente, é indicado no processo pela análise do juiz, atingindo a autonomia dos profissionais de saúde mental.