ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 013: Antropologia das práticas esportivas e de lazer
A corporalidade na Asa Delta
"A prática do voo livre é milenar, tendo registro da construção do que podemos considerar a primeira asa delta datada em 852 d.C. por Abbas Ibn Firnas. Em 1974, o primeiro voo na Pedra da Gávea/RJ foi realizado pelo piloto francês Stephan Dunoyer de Segonzac, e pouco tempo depois, no mesmo ano, pelo carioca Luiz Claudio Mattos, do qual juntos expandiram a prática esportiva em território brasileiro. Este esporte é composto de conhecimentos específicos, técnica e manejo de equipamentos resistentes ao ar e constante negociação com as condições climáticas que possibilitam sua prática, como a pressão atmosférica e o aquecimento do solo e do ar pelo sol. A asa delta é um aerodesporto controlada pelo profissional ou aluno apenas com a deslocação do peso de seu corpo, permitindo alterações no direcionamento do voo. Partindo deste princípio, tal prática parece rica em construções diferenciadas da corporalidade, já que neste esporte, não há restrições corpóreas demasiadas – seu principal condicionante é o peso, que deve ser entre 35 kg e 80 kg – permitindo a decolagem desde jovens a partir de 16 anos acompanhados de responsáveis, homens, mulheres, idosos e pessoas portadoras de deficiências. A nula atenção dada ao esporte pela Antropologia Brasileira é uma das motivações para propor um estudo em um dos pontos de decolagem de asa delta, localizado em Niterói/RJ. Estimulada por questões envolvendo este esporte considerado radical e de risco e a construção da corporalidade como local da experiência, foram identificados poucos trabalhos envolvendo esta prática esportiva, concentrados nas áreas de Educação Física e Turismo, mesmo com mais de 30 anos consolidada no Brasil, com muitos adeptos, campeonatos nacionais estabelecidos e aerodesportistas brasileiros no topo dos rankings mundiais. Para tal, pretende-se utilizar como técnica de trabalho de campo a observação participante e entrevistas, utilizando também, efetivamente, de meu próprio corpo e emoções, a fim de trazer reflexões que somente a experiência e a vivência corpórea no esporte, podem revelar. Como esta é uma pesquisa em desenvolvimento, que dá seus primeiros passos, pretendo apresentar um apanhado bibliográfico quanto as construções da corporalidade que servirão de base para as questões que permeiam o estudo proposto, na prática aerodesportiva exposta. Também é intenção apresentar como se deu a entrada em campo e a recepção da proposta no ponto de decolagem escolhido. "