ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 036: Cidades: espaço construído e formas de habitar
O consumo nos espaços públicos infantis
O presente trabalho resulta de uma tese de doutorado em andamento, desenvolvida através do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba (PPGA/UFPB) com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ). De modo geral, a tese tem como objetivo principal compreender como se constituem os espaços públicos voltados para o lazer infantil, desde a sua concepção estrutural até as práticas sociais dos grupos geracionais que os vivenciam, com ênfase nas crianças. Desse modo, pretende-se refletir sobre a produção social do espaço, a partir de uma geração que, apesar de não atuar no planejamento urbano, impacta diretamente nos espaços que são construídos nas cidades, mobilizando outras gerações de múltiplas formas. Neste recorte, abordaremos a relação do espaço público com o consumo, compreendendo que este aspecto direciona os sujeitos a certo tipo de vivência espaço-temporal e que esta também é ressignificada mediante a atuação. O objetivo é elaborar uma reflexão sobre a forma com que o consumo tem perpassado a experiência dos espaços públicos das cidades que são voltados para o lazer, principalmente no que se refere ao público infantil. A pesquisa de campo foi realizada no Parque Solon de Lucena, em João Pessoa, capital do estado da Paraíba. O parque, que também é conhecido como Parque da Lagoa”, em decorrência da lagoa que acompanha sua extensão, fica localizado no centro da cidade, atraindo principalmente crianças e famílias que moram nas áreas periféricas, por serem os bairros mais próximos da região. Contudo, ainda consegue ampliar o alcance, em decorrência da facilidade de acesso ao espaço pelo transporte público que atua com várias linhas transitando por lá. Trata-se de uma pesquisa etnográfica, que conta com o aporte de registros em diário de campo, conversas informais com crianças e adultos responsáveis e observação participante, durante toda a programação elaborada em referência ao mês das crianças, em outubro de 2023. Consideramos, para a análise, as experiências das crianças que frequentam o espaço, bem como a de suas famílias. Os resultados preliminares apontam que os gastos relacionados à ida ao local tem sido um dos maiores empecilhos para o uso mais recorrente do espaço, tendo em vista os diversos dispositivos privativos que se encontram alojados em sua estrutura, cuja utilização está condicionada ao pagamento de uma taxa individual, o que significa que os parques públicos infantis parecem estar sendo moldados pela atividade econômica intrínseca às interações sociais presentes nos contextos urbanos, associadas às experiências de lazer das crianças.