ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
Corpo, terreiro e território: perspectivas e expectativas de uma afro amazônia explorada e assediada
Atualmente no território brasileiro, a condição da mulheres negras é marcada por extrema desigualdade, violência e exclusão dos espaços institucionais e políticos, as condições de moradia, saúde e educação são atravessadas por racismos estruturais e ambientais, as mulheres negras na sua grande maioria, são moradoras de comunidades periféricas, negligenciadas pelo poder público e esquecidas pelas autoridades. Na Amazônia esse quadro assemelha-se ao do país, em meio a grande floresta as cidades crescem desgovernadamente, proporcionando a continuidade desse grave marcador social, a condição de exclusão da mulher negra. Essas mulheres estão presentes nas comunidades periféricas da cidade de Santarém no Pará, são trabalhadoras domésticas, esposas, mães, líderes comunitárias e estudantes que lutam para conseguirem melhores condições de vida, algo inimaginável para muitas delas, que esgotadas com tantas responsabilidades percebem-se impossibilitadas de acessar espaços de tomadas de decisões que afetam diretamente suas vidas, sendo a resiliência o único meio de mudarem sua realidade, permanecem nas suas trajetórias de resistência e sobrevivência, organizando-se para adquirir condições econômicas para alcançar seus objetivos. Essa pesquisa culminará em um documentário audiovisual, expositivo e humanizado da trajetória de três mulheres negras afro amazônidas periféricas, mostrando suas lutas, registrando sua presença, memórias e ancestralidade no espaço que ocupam, espaço que foi permitido ocupar dentro do estado brasileiro e amazônida. Mulheres que são mães precoces, porém não desistem da formação universitária, mulheres que lutam pela defesa do direito de exercer suas crenças e religiões, mulheres que lutam pelo direito de ser mulher dentro de seu corpo, dentro do seu terreiro, dentro do seu território. Registrando algumas nuances da sua rotina diária e os desafios que têm que enfrentar para conseguir superar os obstáculos diários, sem esquecer quem são e quais suas motivações, conhecendo os lugares onde se reconhecem impulsionadoras e mobilizadoras de mudanças. Nesses espaços se fortalecem e fortalecem os seus, deixando marcas em todos que atravessam seus caminhos, marcas da realidade árdua de suas existências e da leveza de sua vivência. Sendo um recorte das atuais sociedades urbanas amazônidas com suas relações e conflitos de gênero, raça e classe marcadamente condicionantes da exclusão dos corpos negros dos espaços de poder institucionais. Mulheres afro amazônidas que possibilitam a constituição de potencialidades, inspirando mais mulheres negras a ocuparem espaços de onde foram excluídas, espaços políticos de ensino e cultura que a partir de suas especificidades, tornam-se espaços de mudanças consideráveis para as relações étnico-sociais amazônicas.