ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 058: Experiências com laudos antropológicos no Brasil profundo
A importância da Arqueologia na produção de laudos antropológicos: perspectivas Guarani, Kaiowá e Laklãnõ/Xokleng
Nos últimos anos importantes trabalhos foram desenvolvidos acerca dos laudos antropológicos, envolvendo diversos grupos étnicos (Pacheco de Oliveira 1994; Eremites de Oliveira & Pereira 2009; Eremites de Oliveira 2012; Pacheco de Oliveira, Mura & Silva 2015). Conforme isso, com base em nossos dados arqueológicos obtidos através da etnografia multisituada (Marcus 1995) centrada na arqueologia do presente (González-Ruibal 2019; Silva 2024) e etnoarqueologia (Eremites de Oliveira & Milheira 2021; Rodrigues 2022) juntos aos povos indígenas Guarani e Kaiowá do Sul de Mato Grosso do Sul e Laklãnõ/Xokleng do Vale do Itajaí em Santa Catarina, temos por objetivos refletir a respeito desta temática fundante à antropologia brasileira. Em síntese, os dados em si são variados, como exemplos: objetos ritualísticos, artefatos líticos, sítios arqueológicos de artes rupestres, antigos assentamentos, cemitérios, lugares de memórias, paisagens múltiplas e áreas antropizadas que possuem profundas e intricadas relações cosmológicas e ontológicas com tais grupos ameríndios e, que precisam ser levados em consideração nas reivindicações territoriais e ambientais. Portanto, em contexto do Marco Temporal das terras indígenas que reconhece apenas as terras ocupadas pelos parentes em 1988 (data da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil) os dados arqueológicos e etnoarqueológicos tornam-se primordiais nesses processos de lutas e resiliências na era do Capitaloceno (Moore 2022), tendo em vista que atestam a história indígena de longa duração, em que díspares materialidades e espacialidades estão entrelaçadas no espaço-tempo. É por limiar, destaca-se que para obtermos os dados utilizamos o método genealógico com ênfase no sistema de parentesco com base na ancestralidade, consanguinidade, afinidade e afinidade política (Rivers 1991) dos anciãos e anciãs nas respectivas comunidades, no qual, privilegiou-se as narrativas orais e memórias individuais e coletivas. Diante disso, corrobora-se que é fundamental que as autoridades governamentais reconheçam a importância de 'preservar' e expandir as terras indígenas, pois, justamente os indígenas são os grandes responsáveis pela manutenção da fauna, flora e usos sustentáveis dos recursos naturais disponibilizados.