Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 078: O campo biográfico-narrativo e a prática etnográfica: diálogos possíveis
Ouvindo Mãe Xagui - Pistas para uma narrativa espiralar.
A partir de de reflexões e diálogos com Mãe Xagui, falecida em 2021 com 84 anos de inciação, coautora do
meu projeto de doutoramento que tem como objeto sua afrografia religiosa, buscando compreender seus
percursos religiosos, bem como os agenciamentos percorridos por Mãe Xagui na construção do seu candomblé
Angola, o presente trabalho buscará apontar pistas para a compreensão dos modos de convivências, amálgamas e
outras formas de conexões rizomáticas entre Minkisi, Orixás e Voduns, Kaboko, Nzila e etc. tendo como pano
de fundo, uma Salvador que se descortina a partir das vivências da jovem Carmélia (Mãe Xagui). Para tanto,
ao ouvir mãe Xagui, o tempo se dobrava sobre si mesmo, num processo criativo que, em diálogo com o passado
que se fescortinava no ato de narrar, abria possibildades para produção de um futuro que ainda não está
presente e se anuncia sempre como projeto, devir, algo por fazer (FU KIAU, SOURIAU, INGOLD) Acredito ser
possível problematizar o conceito de nação, fortemente contaminado pela forma "Estado", e buscar, a partir
das contribuições de Vinciane Despret, Busenki Fu Kiau, Tim Ingold, Tiganá Santana e etc., novos caminhos
gramaticais para dar conta do modo como "nação" foi vivido na experiência religiosa de Mãe Xagui.