ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 028: Antropologias e Deficiência: etnografias disruptivas e perspectivas analíticas contemporâneas
A experiência discente em música a partir da perspectiva de pessoas com deficiência: uma proposta etnográfica.
A presente proposta de apresentação centra-se em fomentar um debate sobre os caminhos epistemológicos e teóricos que estruturam o atual projeto de tese de doutoramento que estou desenvolvimento, que possui como objetivo investigar as experiências de pessoas com deficiência em um curso de Música no ensino superior público na cidade de Curitiba-PR. Com o trabalho, busco compreender o alcance e os limites que envolvem o trabalho na atividade musical dessas pessoas, que compõem uma população que é percebida enquanto incapaz, contemplando os motivos e os sentidos que estão relacionados com a escolha de ocupar e vivenciar a educação formal na Música, e como a relação com esse espaço modifica ou não as práticas musicais em outros espaços no cotidiano dessas pessoas. Para isso, busco entender como, na experiência dessas pessoas, os marcadores de diferença de gênero e deficiência atravessam a sua relação com a música, sendo a partir da própria leitura das pessoas sobre sua relação com os objetos musicais até na observação das interações sociais que se dão no contexto formal e informal. O projeto se insere na perspectiva da deficiência a partir do modelo social (Oliver, 1983) acompanhado por uma leitura de como o eixo de diferenciação de gênero pode reconfigurar esse modelo (Diniz, 2007). Para me inspirar e sensibilizar meu olhar sobre os fenômenos que envolvem as interações desses eixos de diferenciação no contexto da música, parto de leituras de música e deficiência (Lubet, 2011), música e gênero (Nogueira e Rosa, 2015) e da própria interação entre gênero e deficiência (Garland-Thompson, 2005). Pretendo, com isso, perceber como nesse contexto da prática musical os eixos de gênero e deficiência se interagem no ensino superior e fora dele, propondo uma etnografia multissituada (Marcus, 1995) a partir de uma observação participante (Whyte, 2005) para perceber como esses eixos são experienciados em diferentes contextos. Com a apresentação, espero poder fomentar debates de técnicas, métodos, epistemologias e da mobilização de diversos arcabouços teóricos para promover uma investigação que possa contemplar, com a sensibilidade e a seriedade necessária, a experiência de pessoas com deficiência no campo de estudo formal da Música.