Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 089: Quilombos: processos de territorialização, movimentos sociais e conflitos
Minhas histórias tem um pé de colheita - Uma trajetória da professora e artista da Comunidade Quilombola de São Domingos: Lenilda Alacrino Maria Almeida
I-Frequências
Uma ligação telefônica feita por dispositivos móveis acontece por meio de ondas invisíveis que se encontram
em frequências específicas, meu primeiro contato com a historiadora, artista visual e docente Lenilda Maria
Alacrino de Almeida ocorre por meio destas ondas uma vez que nos encontrávamos em uma frequência singular
afetada pelo tempo da pandemia da COVID-19.
Nesta comunicação apresento dados reunidos para contar a trajetória de uma vida a partir de pontos
específicos no tempo, reminiscências a conformar um quadro geral das singularidades e de processos de
autoria de mulheres negras, junto de outras coordenadas que guiam este texto como fotos, imagens, trechos de
entrevistas e análise em correlação com legislações como a resolução CNE/CEB Nº 8, de 20 de novembro 2012,
que fixa diretrizes curriculares para a educação escolar quilombola, define e delimita como escolas
quilombolas são aquelas localizadas em território quilombola, e endossa a busca por uma perspectiva de
educação que considere e valorize a memória, os marcos civilizatórios, os modos de vida, a oralidade, e o
território.
Na perspectiva dos estudos sobre memória e trajetórias os acontecimentos que compõem a vida estão
emaranhados nas estruturas sociais. Bourdieu (1986) em seu já clássico A Ilusão biográfica propõe que a
história de vida se trata muito mais das posições ocupadas pelos sujeitos ao longo da vida do que de um
relato abundante e biográfico que pretende abranger a maior parte dos aspectos da vida.
Assim ao narrar a história de uma professora quilombola pretendo adensar a compreensão e a necessidade de se
levar em conta as memórias, vivências, e a relação dos quilombolas com seus territórios como eixos
estruturantes do que é a educação quilombola.Narrativas como a dela tornam possível uma maior compreensão da
busca pelos quilombolas no campo da educação no tocante a produção de uma legislação específica que os
contemple sobretudo valorizando os processos formativos de educação comunitária, trata-se de fato de
construir no campo legislativo educacional outras frequências.
Trabalhos como estes propõem rotas para deslindar particularidades do mundo social a partir de um ponto de
vista localizado. A arte de Lenilda liga o mundo e a vida numa metamorfose que preenche de significados a
realidade de uma mulher que criou para si e para os seus que vivem em sua vida e também em suas histórias,
pinturas e causos.
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