Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 098: Som, música e eventos: experimentações etnográficas
A descoberta do som: uma análise sobre a diferença sonora no evento da 22a Expo Itaguaí
Essa comunicação é resultado de uma pesquisa que foi feita em movimento, seguindo pessoas que se
organizam na cidade de Itaguaí (Baixada Fluminense do Rio de Janeiro), criando espaços de diálogo de
construção artística e política. O foco deste trabalho está no acompanhamento dos processos de organização
de eventos culturais e sua relação com as políticas públicas urbanas. Para isso, acompanhei dois eventos: um
organizado pela classe artística, chamado Primeira Conferência Popular de Cultura, e outro organizado pela
gestão municipal, chamado 22 Expo Itaguaí. Para esta comunicação pretendo me debruçar sobre a dimensão
sonora deste último evento, a 22 Expo Itaguaí. Como discute Chaves (2000, p.14), a metodologia desta
pesquisa foi se desenvolvendo enquanto a pesquisa de campo também ocorria. Em diálogo com as reflexões
propostas por Chaves (2000), experimentei uma abordagem etnográfica que se realiza na trilha dos eventos e
das palavras feitas ações, moldadas pelo objeto de pesquisa. Abordagens antropológicas sobre eventos, com
foco nas ações sociais, têm por referência diversos autores clássicos, dentre os quais destaco Gluckman
(1987) e seu debate sobre a ideia de situação social. O conceito de situação social nos ajuda a compreender
e observar os atores em ação. Essa metodologia permite analisar também as estruturas de relações, ou
sistemas de relações, imbricadas nesta dinâmica. Ao longo da imersão etnográfica no evento da Expo, que é a
combinação de uma feira agropecuária com um festival de música, destaca-se a paisagem sonora do campo.
Embora num primeiro momento parecesse desarmônica, ela tinha uma lógica em si mesma que me despertou para um
olhar mais curioso sobre estes sons e como, a partir destes, fazia-se possível analisar a gestão desigual
das atrações artísticas no evento. Era marcante a diferença entre os equipamentos utilizados nos diversos
espaços, contrastando-se os recursos utilizados na Arena Cultural, destinada aos artistas locais, daqueles
que apoiavam o Palco Laiá, que recebia os artistas de ampla circulação nacional. Esta comunicação pretende
se debruçar sobre a diferença sonora produzida nestes dois espaços situados num mesmo evento, a fim de
pensar a gestão de recursos de políticas culturais locais, em nível municipal.