Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 082: Para além do CEP/Conep: desafios e reflexões sobre ética na pesquisa antropológica
Vivências emocionais no cuidado paliativo pediátrico: uma abordagem antropológica das práticas
profissionais
Esse estudo aborda cuidados paliativos na infância a partir da perspectiva da antropologia das emoções,
problematizando aspectos envolvendo: fase da vida, família, doença e morte. A antropologia das emoções
ganhou força no Brasil desde a década de 1990 (REZENDE e COELHO, 2010; KOURY, 2014), em contraposição à
ideia de que estas são universais e inatas. Compreendemos como as emoções são atravessadas pelos fatores
culturais, sociais e históricos. Assim, a leitura antropológica inclui não apenas as emoções dos
profissionais de saúde que atuam em cuidados paliativos pediátricos, mas sobre como as normas sociais e
culturais moldam sua percepção e expressão emocional. Dentre as doenças, o Instituto Nacional do Câncer
estima que mais de 400 mil crianças e adolescentes são diagnosticadas com câncer no mundo por ano, o que
representa que a cada três minutos alguma criança morre em decorrência de câncer (BRASIL, 2022). A abordagem
sobre os cuidados paliativos, antes limitada à perspectiva biomédica, tem sido expandida para outros
domínios de conhecimento. A definição comumente utilizada é dada pela OMS (2002), afirmando que os cuidados
visam não somente a qualidade de vida, mas buscam o conforto do paciente que enfrenta alguma doença que
impeça a continuidade da vida e de seus familiares. Aqui, o foco recai sobre médicos, enfermeiros,
psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais que enfrentam diariamente os desafios emocionais
associados ao tratamento paliativo na ala pediátrica do Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa, PB. Cabe
ressaltar que quase sempre negligencia-se o cuidado a quem presta cuidados, especialmente quando se trata de
crianças e como pode afetar as emoções e sensações dos cuidadores em saúde. O objetivo é etnografar o
cotidiano do cuidado paliativo hospitalar, recolhendo as narrativas dos profissionais de saúde sobre suas
vivências e emoções frente ao sofrimento infantil. Entende-se que as emoções (sentimentos de angústias,
entre outros), para esses profissionais, não se restringem ao cuidado paliativo, mas acompanham o itinerário
de adoecimento desde o diagnóstico e envolvem também familiares/cuidadores das crianças. Buscamos destacar
as narrativas desses profissionais, a fim de entender como descrevem seus sentimentos e sofrimentos, como
extrapolam o ambiente de trabalho, as condições de trabalho e a rotatividade no setor infantil. Considerando
que muitos profissionais desempenham papéis sociais fora do ambiente hospitalar, como: mães, pais, irmãos,
nos interessamos sobre a permeabilidade entre esses papéis e suas práticas, pensando nos impactos sobre o
cuidado prestado, a partir de um conhecimento situado em que gênero, raça e outras intersecções atravessam
as práticas de saúde.