Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 095: Saberes plurais em torno do uso de drogas
Usuários, pacientes, comerciantes e jardineiros: disputas pelo acesso às flores de maconha em Sergipe e
no Rio de Janeiro
O referido texto é parte do andamento de pesquisa que venho realizando junto ao Programa de
Pós-graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense, através de discussões
proporcionadas pelo grupo de pesquisa Psicoativos e Cultura (Psicocult/UFF) desde o ano de 2023, sobre as
práticas de cultivo e de acesso à maconha no Brasil, em específico com interações com interlocutores dos
estados do Rio de Janeiro e Sergipe, registrando as práticas de cultivo, de ativismo e de acesso à planta
por aqueles que trabalham no comércio varejista e aos que cultivam suas próprias plantas.
A pesquisa ainda está em curso, mas até o momento foi possível a realização de algumas entrevistas
semiestruturadas com 1) cultivadores-pacientes que possuem autorização da justiça através de Habeas Corpus
criminal, 2) cultivadores para fins sociais/adulto que não comercializam sua produção e 3) cultivadores
comerciantes, além de observação participante em rodas de conversas, simpósios e palestras com usuárias
terapêuticos e pessoas que realizam uso social, além de profissionais que também refletem ou trabalham com a
questão e o paradigma médico-jurídico de proibição da maconha no Brasil.
Foram realizadas descrições com interlocutores que narram suas histórias de início e aperfeiçoamento do
saber técnico de cultivo para a produção de seu próprio remédio, sobre as diversas disputas envolvendo a
comercialização dos produtos no mercado legal e ilegal da maconha e também escrevo minha experiência pessoal
de tornar-se um "paciente" medicinal de maconha no Brasil, bem como dos procedimentos burocráticos de acesso
efetivo ao produto, custos e início do tratamento médico.
Ao fim descrevo também como os cultivadores que conversei trazem indagamentos sobre políticas de reparação
no cenário de discussões de regulamentação do cultivo no país; formas de organização e demandas da categoria
de cultivadores no mercado legal e ilegal (cooperativas, associações, clubes ou outro); a desigualdade no
acesso à maconha (legal ou ilegal); entre outras questões que atravessam a política de drogas nacional
instrumentalizada para um guerra (às drogas), refletida em fenômenos como encarceramento em massa, o
racismo, a corrupção e a desigualdade.
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