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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 019: Antropologia dos/nos Gerais
A emergência do Rio como sujeito e suas implicações teórico-metodológicas: Recortes do conflito ambiental do projeto da UHE Formoso no curso médio do Rio São Francisco
De uma forma mais crítica, os conflitos ambientais podem ser compreendidos enquanto uma disputa de ""mundos"", em que o mundo ocidental hegemônico e sua visão de mundo entre em guerra com o mundo ribeirinhos, configurando uma verdadeira “guerra de mundos (LATOUR, 2002). É preciso ressaltar que no caso latino-americano, essa guerra de mundo está sendo travada por populações subalternas marginalizadas desde a inauguração das colônias com a invasão dos impérios europeus. A configuração e constituição destes mundos operam a partir de ontologias distintas. No caso do conflito ambiental instalado pela megaprojeto da UHE Formoso, povos ribeirinhos reivindicam o “rio vivo ou mesmo o “rio livre em contraposição às implicações que serão causados a ela caso a UHE seja construída. Nesse sentido, o rio está presente em seus mundos enquanto uma pessoa mais que humana, detentora de agências que estruturam suas realidades e interconexões com o ambiente socionatural, sendo o rio considerado um ser vivo, um “parente segundo os ribeirinhos que pude conversar. Por outro lado, o Estado e os empreendimentos figuram o rio enquanto um “recurso natural”, um “objeto da natureza obtuso, passível de ter seu “potencial energético extraído em prol do progresso e do bem comum. Munido desse instrumental analítico-metodológico, recorro aos meus dados primários coletados em trabalhos de campo junto aos povos do médio rio São Francisco para compreender alguns pontos que podem avançar com o campo de estudos dos conflitos ambientais e também no auxílio de possíveis caminhos de superação da crise ecológica no mundo ocidentalizado enfrenta: i) Qual a contribuição da incorporação da cosmovisão ribeirinha para a interpretação dos conflitos ambientais, sobretudo no que diz respeito a construção da UHE Formoso; ii) Como o rio se configura em sujeito e agente no mundo ribeirinho?; e iii) Como podemos pensar “desenvolvimento e conservação ambiental a partir destes povos?