ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 018: Antropologia dos venenos
Conexões cosmopolíticas entre humanos, feitiços e seres outros-que-humanos
"Este ensaio parte de uma reflexão inicial de minha pesquisa no doutorado que tem como objetivo refletir sobre algumas implicações e pressupostos cosmopolíticos no que se refere ao tema da feitiçaria no contexto indígena. Por meio do Bahserikowi – Centro de Medicina indígena, de Manaus/Amazonas, onde se realiza a prática do bahsese ( benzimento) de cura e cuidados do corpo, venho refletindo, tendo como base e aporte analítico/bibliográfico o trabalho de João Paulo Barreto (2018, 2021) sobre os aspectos relacionados aos Waimahsã. Barreto (2018) observa que os waimahsã além de possuírem condições e qualidades humanas, também dispõem de ponto de vista humano. Diante disso, nos resta pensar o que é “ser humano mediante a um contexto de vida altamente sofisticado e dinâmico. A feitiçaria enquanto teoria indígena sobre o humano (Vanzolini, 2015), engendra e levanta questões cruciais para pensar justamente nessas “humanidades outras que reatulizam o que entendemos como política e formas de existir. Logo então, me pergunto se seriam os waimahsã o meio pelo qual se torna possível refletir sobre o dohasepihagʉ - feiticeiro, especialista praticante de dohase (feitiçaria), bem como, a própria feitiçaria, tendo em vista justamente a indeterminação do estatuto ontólogico e político desses seres outros-que-humanos. Diante disso, tenho me debruçado na problemática de como que essa dinâmica cosmopolítica dos waimahsã, tal como elaborada por Barreto (2018; 2021), em conexão com o fenômeno da feitiçaria, ajuda a pensar o nosso mundo e nosso entendimento sobre o que é ser humano?