ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 076: Antropologia nos Museus: coleções etnográficas, detentores e artistas
Abordagens interdisciplinares nas classificações em acervos museológicos
O uso imponderado ou a reprodução automática das classificações e termos adotados nos processos documentais museológicos podem colocar em risco não apenas a conservação de materialidades, dadas as múltiplas formas de cuidado e armazenamento, como também colaborar para a perpetuação de violências históricas, coloniais e epistêmicas em museus com acervos históricos e etnográficos. A partir de uma etnografia dedicada a este tema, no Museu Paranaense em Curitiba, que investigou desde as formas históricas dessas classificações durante a formação do acervo até os esforços recentes do museu para revisá-las, a pesquisa observa as dificuldades, problemas e tensões das classificações, desde a produção de relações das equipes com o tema ao longo da história do museu até seu impacto nos sistemas atuais de bancos de dados utilizados para nomear, localizar e documentar os itens musealizados. Além de uma revisão epistêmica das definições de documentação museológica, também foi possível reconhecer o trabalho e as influências de outras ciências presentes no museu em relação ao tratamento da informação patrimonial, bem como os impactos causados pela aplicação de diferentes metodologias nas classificações. Explorando as interações, semelhanças e diferenças geradas nas ações de trabalho do museu, destacam-se possíveis caminhos para mitigar perpetuações coloniais históricas, como modelos de tomada de decisão aplicados aos processos museológicos, revisões periódicas do plano museológico, maior cuidado nos processos de aquisição, revisão dos processos de conservação e revisão de arquitetura dos modelos atuais de bancos de dados, entre outros. Por meio de uma revisão de classificações, é possível acessar uma gestão de acervos que caminhe para uma museologia descolonial, despatriarcal e plural.