Trabalho para Mesa Redonda
MR 52: O exílio na antropologia contemporânea: interrogando uma presença nebulosa
Migrantes, Exilados ou Refugiados? categorias, práticas e sentidos da experiência do exílio argentino
durante a ditadura militar
A geografia do exílio argentino durante a ditadura militar (1976-1983) é conhecida e comumente narrada a
partir de coletividades de exilados conformadas em países como Espanha, França, Itália, México e Suécia. As
redes transnacionais constituídas entre exilados nesses países e os movimentos de familiares de
desaparecidos e de direitos humanos na Argentina foram inscritas nas memórias sobre o período. Elas são
lembradas e reconhecidas pelo seu importante papel no trabalho de denúncia internacional de violações
cometidas pela repressão ditatorial, num período em que o léxico humanitário passou a ganhar proeminência em
escala local, regional e global. Em contrapartida, são poucas as referências sobre o exílio argentino no
Brasil, figurando como uma presença invisível, narrada através de silêncios e permeada por ambiguidades e
desconfortos em relação às formas de significar e nomear a experiência do desterro. Foi buscando tornar
inteligível esses silêncios que realizei uma pesquisa com argentinas/os que se deslocaram para o Brasil
entre os anos de 1974 e 1981. A partir de suas memórias, produzidas e registradas ao longo dessa pesquisa, à
luz das representações associadas ao exílio no contexto latino-americano da segunda metade do século XX,
neste trabalho analiso os sentidos atribu& iacute;dos à experiência política e migratória,
problematizando as categorias mobilizadas (exilados, refugiados, migrantes, estrangeiros) e as múltiplas
formas de viver, significar e entender o exílio.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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