ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Trabalho para Mesa Redonda
MR 52: O exílio na antropologia contemporânea: interrogando uma presença nebulosa
Migrantes, Exilados ou Refugiados? categorias, práticas e sentidos da experiência do exílio argentino durante a ditadura militar
A geografia do exílio argentino durante a ditadura militar (1976-1983) é conhecida e comumente narrada a partir de coletividades de exilados conformadas em países como Espanha, França, Itália, México e Suécia. As redes transnacionais constituídas entre exilados nesses países e os movimentos de familiares de desaparecidos e de direitos humanos na Argentina foram inscritas nas memórias sobre o período. Elas são lembradas e reconhecidas pelo seu importante papel no trabalho de denúncia internacional de violações cometidas pela repressão ditatorial, num período em que o léxico humanitário passou a ganhar proeminência em escala local, regional e global. Em contrapartida, são poucas as referências sobre o exílio argentino no Brasil, figurando como uma presença invisível, narrada através de silêncios e permeada por ambiguidades e desconfortos em relação às formas de significar e nomear a experiência do desterro. Foi buscando tornar inteligível esses silêncios que realizei uma pesquisa com argentinas/os que se deslocaram para o Brasil entre os anos de 1974 e 1981. A partir de suas memórias, produzidas e registradas ao longo dessa pesquisa, à luz das representações associadas ao exílio no contexto latino-americano da segunda metade do século XX, neste trabalho analiso os sentidos atribu& iacute;dos à experiência política e migratória, problematizando as categorias mobilizadas (exilados, refugiados, migrantes, estrangeiros) e as múltiplas formas de viver, significar e entender o exílio.