Trabalho para Mesa Redonda
MR 43: Mineração, dependência e patronagem: compreendendo a recorrência dos desastres minerários em Minas Gerais
Mineração e comunidades: reflexões sobre poder e resistência
A instalação de um empreendimento de mineração pode parecer a chegada do progresso para populações antes
dedicadas a ciclos locais ou regionais de produção. As oportunidades de emprego são acompanhadas por novos
hábitos de consumo e a ampliação da infraestrutura necessária para atendimento em bens e serviços. Mas, ao
assumir responsabilidades pertencentes ao Estado, como moradia, saúde e educação, a relação que se estreita
entre empresas e comunidades ultrapassa a dinâmica patrão-empregado e se divide entre resistência e desejo,
sendo que a força de trabalho, a obediência e a lealdade são o preço pago para usufruir daquilo que a
empresa pode proporcionar. Nesse sentido, analisando o histórico de instalação da mineradora Samarco em
Mariana, Minas Gerais, e o desastre deflagrado com o rompimento da barragem de Fundão em 2015, este trabalho
pretende, a partir dos trabalhos de June Nash, We eat the mines and the mines eat us (1979); Aníbal
Quijano, Colonialidade, poder, globalização e democracia (2002) e Colonialidade do poder, eurocentrismo e
América Latina (2005); Eduardo Gudynas, Extractivismos: Ecología, economía y política de un modo de
entender el desarrollo y la naturaleza (2015); Andréa Zhouri, Paola Bolados e Edna Castro (orgs.),
Mineração na América do Sul: neoextrativismo e lutas territoriais (2016); e Henri Acselrad (org), Políticas
territoriais, empresas e comunidades: o neoextrativismo e a gestão empresarial do social (2018), refletir
sobre as relações de poder estabelecidas no período colonial e atualizadas nas diferentes gerações do
extrativismo vivenciadas em Mariana e nas respostas institucionais ao desastre sociotécnico.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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