ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Trabalho para Mesa Redonda
MR 43: Mineração, dependência e patronagem: compreendendo a recorrência dos desastres minerários em Minas Gerais
Mineração e comunidades: reflexões sobre poder e resistência
A instalação de um empreendimento de mineração pode parecer a chegada do progresso para populações antes dedicadas a ciclos locais ou regionais de produção. As oportunidades de emprego são acompanhadas por novos hábitos de consumo e a ampliação da infraestrutura necessária para atendimento em bens e serviços. Mas, ao assumir responsabilidades pertencentes ao Estado, como moradia, saúde e educação, a relação que se estreita entre empresas e comunidades ultrapassa a dinâmica patrão-empregado e se divide entre resistência e desejo, sendo que a força de trabalho, a obediência e a lealdade são o preço pago para usufruir daquilo que a empresa pode proporcionar. Nesse sentido, analisando o histórico de instalação da mineradora Samarco em Mariana, Minas Gerais, e o desastre deflagrado com o rompimento da barragem de Fundão em 2015, este trabalho pretende, a partir dos trabalhos de June Nash, We eat the mines and the mines eat us (1979); Aníbal Quijano, Colonialidade, poder, globalização e democracia (2002) e Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina (2005); Eduardo Gudynas, Extractivismos: Ecología, economía y política de un modo de entender el desarrollo y la naturaleza (2015); Andréa Zhouri, Paola Bolados e Edna Castro (orgs.), Mineração na América do Sul: neoextrativismo e lutas territoriais (2016); e Henri Acselrad (org), Políticas territoriais, empresas e comunidades: o neoextrativismo e a gestão empresarial do social (2018), refletir sobre as relações de poder estabelecidas no período colonial e atualizadas nas diferentes gerações do extrativismo vivenciadas em Mariana e nas respostas institucionais ao desastre sociotécnico.