Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 005: Antropoceno, Colonialismo e Agriculturas: resistências indígenas, quilombolas e camponesas diante das mutações climáticas
O roubo das águas e os donos do rio: estratégias Juruna (Yudjá) frente a destruição da Volta Grande do Xingu pela UHE Belo Monte
“Nós somos uma parte do rio Xingu. Nós conhecemos o rio como nossas próprias vidas, como ele nasce, como ele se comporta, quando ele precisa de ajuda, quando podemos ajudar”. Essa frase de Diel Juruna encapsula as estratégias de luta e resistência dos Juruna (Yudjá) frente a destruição promovida pela UHE Belo Monte em seu território tradicional. Desde 2015, com o início do funcionamento da hidrelétrica, a região da Volta Grande do Xingu sobrevive sob um novo regime hídrico. Em torno de 80% da vazão do rio é desviada para o canal de derivação da UHE, formando um Trecho de Vazão Reduzida de 130km, local onde há terras indígenas e comunidades ribeirinhas. Essas populações chamam esse processo de “roubo das águas”, tornando o rio Xingu doente. Os Juruna (Yudjá) da Terra Indígena Paquiçamba, a menor T.I. da bacia do Xingu, ativam diferentes estratégias, atores e discursos para reconstruir a paisagem, o rio e seus modos de vida. Essas ações vão desde protestos e fechamento de rodovias, o estabelecimento de uma área de conservação de ninhos de tracajá, a criação do Monitoramento Ambiental e Territorial Independente (MATI), até táticas de aproximação e aproveitamento dos projetos de mitigação propostos pela Norte Energia, a concessionário de Belo Monte. Esse trabalho é fruto de uma pesquisa etnográfica em andamento junto aos Juruna (Yudjá), navegando com eles pelo rio, acompanhando reuniões com a Norte Energia, vistorias com IBAMA e FUNAI, e campos e atividades do MATI.
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