Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 007: Antropologia Biológica e interfaces biologia e cultura: história, pesquisas atuais e perspectivas futuras
Como a mãe sabe que o seu bebê está bem? Uso de antropometria e comportamento infantil pelas mães da Amazônia urbana.
Os seres humanos são resultado de processos bioculturais, uma vez que aspectos biológicos e culturais são interligados e possuem impacto na construção dos processos de saúde e doença, nos auxiliando na compreensão do desenvolvimento humano. Este trabalho investiga as ferramentas utilizadas pelas mães para avaliar o estado de crescimento e bem-estar dos seus bebês. Para isso, utilizamos do aporte metodológico misto na obtenção dos dados. Para os dados quantitativos, coletamos medidas antropométricas do peso e comprimento de bebês nos nove primeiros meses de vida, que participam de um projeto maior, que visa analisar os impactos ecológicos e culturais na formação do microbioma intestinal infantil. Para os dados qualitativos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com as mães, para compreender sua percepção sobre saúde dos seus bebês. Os resultados quantitativos demonstraram que ao nascer, 94% dos bebês estavam com comprimento adequado para a idade, 89,3% estavam com peso adequado para comprimento e 97% estavam com peso adequado para a idade (n= 188). No primeiro mês, 77,5% dos bebês apresentavam comprimento adequado para a idade; 81,4% apresentavam peso adequado para comprimento e 63% apresentavam peso adequado para idade (n=120). No terceiro mês de vida, 68% dos bebês apresentavam estar com o comprimento adequado para a idade, 87% com peso adequado para comprimento e 73% com o peso adequado para idade (n= 120). Ao nono mês, os bebês apresentavam adequação de 79% de estatura para idade, 86,8% com peso adequado para comprimento e 80% estavam com peso adequado para idade (n=144). Além disso, constatou-se através dos dados qualitativos, que as mães obtêm informações sobre o crescimento antropométrico de seus bebês através das visitas pediátricas de rotina, que por sua vez, utilizam-se da Caderneta de Saúde Infantil, distribuída amplamente pelo governo federal, em hospitais públicos e privados, como uma ferramenta para avaliar se a criança está inserida nas normas de crescimento ideal segundo a OMS. Para além disso, as mães também avaliam o bem-estar por meio de comportamentos esperados para cada idade, moldados culturalmente. Bebês que são mais ativos, interagem com outras pessoas, brincam, se interessam por alimentos, são bebês que são considerados sadios na perspectiva materna. Com base no exposto, a avaliação sob o viés biomédico é importante, mas a percepção materna sobre os comportamentos esperados de seus bebês é essencial para compreender a complexidade do que seria um bebê saudável na Amazônia urbana.