Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 092: Retomadas, tessituras e insurgência no fazer antropológico e outros fazeres.
Sagrado E Político: O Terreiro Como Produtor De Vida E Saúde Para Mulheres Da Comunidade Colibris Na
Cidade De Santa Rita/Pb
Sabe-se que a partir da constituição de 1988 com a criação do Sistema Único de saúde -SUS, uma chave foi
virada para a democratização da saúde no Brasil. Contudo, após trinta e seis anos de sua criação, a
população mais empobrecida pelas estruturas de poder que alicerçam o Brasil, são lançadas na vala do descaso
e negligências devidos as ausências do Estado concernentes as efetivações das políticas públicas, com
destaque a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, e a presença das necropolíticas com base
no racismo e suas interfaces. Nesta perspectiva, o presente trabalho pretende elucidar tecituras, ainda em
construção, que farão parte de um dos capítulos da tese intitulada, Entre a necropolítica e as práticas de
produção de vida: Mulheres, Terreiro, Saúde da População Negra na comunidade Colibri-Santa Rita/ PB,
alicerçada pela antropologia da saúde. Apresentarei, com base nas narrativas das interlocutoras, as
múltiplas formas criadas e reinventadas das mulheres para se manterem vivas de forma individual e coletiva
na resistência de sobreviverem diante dos descasos políticos em sua comunidade, das dificuldades de acesso
as políticas públicas do SUS nas três atenções e as fragilidades encontradas nos serviços de saúde
ofertados, afora os percalços vivenciados por elas com as intersecções das desigualdades de gênero, classe e
raça. Além disso, enfatizarei um espaço sagrado e político localizado na comunidade de Colibris na cidade de
Santa Rita /PB, um Terreiro de matriz afro-ameríndio que desenvolve um papel fundamental, ser um espaço de
cuidados, e através de sua responsável, uma Yálorixá, as mulheres encontram acolhimento e apoio necessário
através de conhecimento ancestral, práticas milenares com plantas medicinais e direcionamentos com base no
sagrado que contribuem com o acalanto e preenchem de dores, angustia e ausências. Tais reflexões, sem
dúvida, contribuirão no fomento de mais pensamentos na trilha de outros fazeres antropológicos nesta grande
construção.