Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 053: Estudos Etnográficos sobre Cidadania
"Estão deixando a gente morrer": Notas sobre a atuação do Coletivo Força Tururu como contraconduta às violações de Direitos no Período de Pandemia.
O presente trabalho se propõe analisar a atuação do Coletivo Força Tururu (CFT) no enfretamento às
violações de Direitos executadas pela prefeitura do município de Paulista/PE nos primeiros meses de
Pandemia. Como referencial teórico, a presente análise parte do diálogo entre o pensamento criminológico
crítico e de conceitos presentes no pensamento Foucaultiano, por serem chaves teóricas que se apresentam
como estratégicas para compreender a hipótese de que a atuação dos coletivos urbanos como atores informais
na garantia de Direitos causa rupturas na racionalidade neoliberal de gestão da vida e da morte em
sociedade. Ademais, a partir de conceitos como biopolítica, contracondutas e da própria ideia de
neoliberalismo é possível observar como o investimento em estratégias de controle social tem produzido
estruturas de cidadania precarizadas e antidemocráticas. Como método, foi realizada uma etnografia com base
na participação observante em virtude do pesquisador ser integrante do coletivo ora estudado. A pesquisa tem
como objeto de análise os primeiros seis meses de pandemia e como se desenvolveu a gestão da vida na
comunidade do Tururu, periferia do município de Paulista e que integra a Região Metropolitana do Recife em
Pernambuco. Nesse período, a secretaria de saúde do município, sem qualquer aviso à comunidade, fechou o
único posto de saúde do território. Em um cenário de pandemia, o fechamento do único serviço gratuito de
saúde no território do Tururu e a ausência de qualquer política garantidora da vida nesse período
possibilita uma leitura de exposição daquelas vidas às consequências da pandemia. Uma lógica neoliberal que
impulsiona estruturas de violações de garantias básicas de um regime democrático. Dessa forma, compreender a
atuação do Coletivo Força Tururu na comunidade apresenta como hipótese um enfrentamento às violações no
território.
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