Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 057: Etnografias em contextos de violência, criminalização e encarceramento
Sobre as pessoas matáveis e as pessoas não matáveis: a classificação da vida para seguidores da polícia
do Amapá
O presente trabalho tem o objetivo de abordar e interpretar interações que discorrem sobre as altas
taxas de letalidade policial no Amapá no ano de 2021, com base em categorizações que sugerem a existência de
indivíduos matáveis e não matáveis. As classificações, como procuro demonstrar, sugerem o "merecimento" da
morte e a "eficiência" da polícia. As notícias que abordam altas taxas de letalidade policial são discutidas
no perfil do Instagram "Devotos do BOPE-AP" como ação necessária para uma suposta segurança do Amapá. O
Estado registrou em 2021 um índice de letalidade policial de 21,4 óbitos e em 2022, mesmo tendo uma queda
nos dados de letalidade, o Estado ainda registrou índices significativos de 16,6 nas taxas de óbito por
intervenções policias, sendo a média nacional 3,2. No perfil os seguidores acionam categorias com
"bandidos", "vermes" e "vagabundos" para se referirem as pessoas matáveis, essas categorias êmicas são
fundamentais para se compreender, de maneira adequada, a rede de significados que informam as visões de
mundo dessas pessoas, que estão relacionadas a compreensão local de quem são as pessoas matáveis e quais são
os atributos presentes nas pessoas que devem ter seu direito à vida preservado.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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