ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Trabalho para SE - Simpósio Especial
SE 10: Democracias, conflitos e viradas autoritárias em contextos africanos
Dilemas da democratização vistos a partir das universidades: uma análise comparativa entre Brasil e África do Sul.
A democratização de paises com grandes disparidades sócio-econômicas e étnico-raciais, como são Brasil e África do Sul, pressupõe mudanças não apenas ao nível da política institucional mas, também, na estrutura das desigualdades que alicerçam as hierarquias sociais e as limitações no exercício de cidadania. Isso se dá na medida em que a legitimidade do regime democrático pressupõe, como se tornou lugar comum desde Tocqueville, a igualdade tanto no plano dos direitos políticas quanto no âmbito das oportunidades de inserção e de ascensão social. Ora, como se sabe, tanto Brasil quanto Africa do Sul, embora com avanços consideráveis em alguns domínios, são ainda sociedades atravessadas por imensas assimetrias entre pobres e ricos, e entre brancos e não brancos. Apesar de políticas públicas postas em prática nas últimas duas décadas, as disparidades entre pobres e ricos, entre brancos e não-brancos, entre mulheres e homens, dentre ontros grupos, continuam elevadas. O que poderia explicar que o ideário democrático tem sido contestado nos dois países, seja através da emergência de grupos políticos saudosos do passado ditatorial (caso do Brasil), seja pela cada vez mais frequente visão negativa do modo como se deu a transição democrática (caso da África do Sul, onde a figura de Mandela tem sido criticada por grupos cada vez mais numerosos). Olhar todo esse processo a partir dos efeitos e dos debates sobre as políticas públicas de ações afirmativas nas universidades é um bom expediente para percebermos os impactos da democratização politica sobre o modo como os atores sociais se posicionam acerca do papel das instituições de nível superior na superação das discrepâncias sociais, econômicas e simbólicas nas duas sociedades.