ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 036: Cidades: espaço construído e formas de habitar
"Tem que tá na luta": impasses e disputas pelo direito à moradia na maior favela do Brasil.
Este trabalho é resultado de uma pesquisa etnográfica realizada na região administrativa de Sol Nascente, localizada na periferia do Distrito Federal considerada a maior favela do Brasil, segundo dados do Censo do IBGE, realizado em 2022 , que teve como objetivo analisar algumas implicações que perpassam a luta e conquista da casa própria no referido contexto. Partindo da proposta de Michel Agier (2015:492) de pensar a cidade a partir de espaços precários à margem, tendo em vista que a forma ocupação tornou-se mundialmente uma das maneiras para os mais pobres de fazerem reconhecer seu direito de estar ali”, busquei verificar questões que permeiam as dinâmicas de lutas coletivas por moradia e os efeitos da conquista sobre a vida das famílias beneficiadas. A análise inicia revelando o contexto de formação do Distrito Federal que se deu a partir de invasões e da marginalização das classes populares em cidades dormitório popularmente denominadas cidades-satélites e oficialmente designadas regiões administrativas. Em seguida trato sobre alguns modos pelos quais os interessados empenham-se na obtenção dos lotes e, como a conquista de um pedaço de terra repercute na vida dos membros da comunidade. Fato que nos possibilita refletir sobre como a destinação de lotes realizada pelo Estado não representa a garantia efetiva do direito à moradia; e, na sequência, destaco o modo pelo qual a obtenção/construção da casa própria pode assumir outros valores. Por fim, diante da primeira conquista, por si só, se mostrar insuficiente para a concretização do sonho da casa própria, abordo sobre a efetivação da luta de algumas das minhas interlocutoras. Neste sentido, tratadas ao longo deste trabalho, as categorias lote, barraco e casa dizem respeito à processos de um mesmo elemento. Cabe destacar que, no decorrer do ensaio, a questão do parentesco transparece enquanto tópico sensível no que tange ao morar junto”. Em síntese, argumento que a obtenção da casa própria é aspecto central na vida das pessoas de baixa renda e que, para a realização desse projeto, ainda que por meio de política pública de habitação governamental, é imprescindível que uma série de redes sejam acionadas, dentre elas destaco a atuação de movimentos sociais de luta por moradia regionais e nacional (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).