"Exogenia" e "Silêncio": duas persistentes categorias nos estudos queer africanos
Desde o estabelecimento dos estudos africanos queer na década de 1990, inúmeras boas etnografias foram
realizadas na África, tanto por pesquisadores africanos quanto não africanos. A partir deste amplo conjunto
de dados coletados ao longo dos últimos trinta anos, dois aspectos frequentemente emergem entre as
pesquisas: que o continente africano é caracterizado tanto pelo discurso nativista da exogenia da
dissidência sexual quanto pelo silêncio generalizado sobre o assunto. Aproveitando minha experiência
etnográfica com questões queer em dois países africanos de língua oficial portuguesa e uma extensa revisão
bibliográfica, este artigo oferece uma visão abrangente deste campo e apresenta algumas percepções originais
sobre esses temas.