ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 004: Améfricas: retomadas na antropologia pelo pensamento indígena e da áfrica-diaspórica por meio de experimentos de linguagens e escritas contra-coloniais
Etnicidade e Deficiência no Corpo Racializado: disrupções inevitáveis e despretensão nas políticas de habitar a terra
Natália Maria Alves Machado (UNB), Bruno Araújo Lopes (independente)
Na intenção de “novas experimentações contra-coloniais no campo da etnografia”, nos colocamos: a primeira autora enquanto Antropóloga ComDeficiência e também sob outros marcadores sociais da diferença e desigualdade (por raça, classe, etnicidade, sexo/gênero) e o segundo autor Antropólogo homem negro enicamente relacionado e em refazeduras corpo-pessoa, com intenção de dialogar desde nossa bagagem de observações etnográficas marcadas por percalços, ausências e não-acessos que cercam de limites e impossibilidades o concurso acadêmico e o existir. Intentamos algo de experimentação dialógica e algo de um horizonte tecnológico que quiçá transborde contribuindo com as demandas dos temas aqui relacionados, e apostando no ato cosmopolítico de que delinear os entraves revela as normatizações e clivagens que privilegiam determinados corpos, trajetórias e modos perceptivos em que ficam pronunciadas também dinâmicas específicas, de inteligibilidades e governanças próprias, que barram modos singulares de reflexão, cosmopercepção e ritmo, criando barreiras a “epistemologias singulares” que emergiriam caso houvesse consolidação de amplas garantias em acessibilidade acadêmica e outras. “Deficiência’ desde o Modelo Social, logo, não estando esta nos corpos, antes, nas barreiras socioculturais. Na impossibilidade de não sermos movidos pelo lugar de pessoas pretas de ascendência afrodiaspórica e indígena Nordeste brasileiro, do sertão do Ceará, retomadas e descendentes migrantes, e a vida em interlocução com a comunidade dos espíritos [nos termos do Davi Kopenawa, numa mediação entre o mundo ordinário e a “comunidade dos espíritos”que nos são constituintes, confrontando o ‘corpo estranho’ sendo significado com habilidades “xamânicas”, mediúnicas, místicas, e a dupla entrada: a do anormal, aleijado, do abjeto na experiência social e outra, quase um cargo de prestígio na experiência étnica (e um lugar de desespero na experiência racial). Então, com todas as precariedades dessas categorias e as contestações que elas já recebem há um bom tempo nas Ciências Sociais, étnico e racial é uma distinção que aqui teria força pedagógica, pois entendemos que pensar o étnico para elaborar a experiência na deficiência é fundamental. Uma necessidade contemporânea da reflexão sobre deficiência no Brasil, entre inúmeras, é seguir mostrando a polifonia que não é contemplada. A maior parte das pessoas com deficiência no Brasil, segundo informações demográficas recentes, são mulheres negras, todavia, que mulheres negras são essas? Perguntamos nos termos do ‘direito à complexidade’, que é bastante negado pela ausência de outros direitos e entradas de significação da vidas plurais e corpos literais polissêmicos, um toró.