Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 002: Alimentando o fim do mundo: agronegócio, saúde e Antropoceno
Os impactos da pandemia de COVID-19 na (In)segurança alimentar entre os estudantes universitários no Oeste da Bahia.
A insegurança alimentar (IA) refere-se à falta de acesso regular e seguro a alimentos nutritivos em quantidade e qualidade suficientes para uma vida saudável. A insegurança alimentar entre os universitários é uma realidade que tem sido observada em outras pesquisas (Martins, 2021; Moura, 2022), refletindo um desafio a ser enfrentado. A IA pode ocorrer tanto por falta de recursos para aquisição de alimentação, como também devido a escolha por alimentos de baixo valor nutricional, muitas vezes em razão da facilidade de preparo e pelo baixo custo que geralmente possuem. Esta pesquisa concentra-se no Oeste da Bahia, especificamente nos estudantes universitários da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), que foi criada em 2013, após o desmembramento da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fruto de uma política de interiorização do ensino superior. A interiorização das universidades proporciona oportunidades àqueles estudantes que teriam maior dificuldade no acesso à graduação devido barreiras geográficas, financeiras e/ou sociais. Além disso, permite com que grupos historicamente excluídos da educação superior consigam pertencer a esse espaço, tais como estudantes da zona rural e de comunidades tradicionais. No território onde essa pesquisa se insere, é marcado pela forte expansão do agronegócio. Segundo o Censo Agropecuário de 2018, 93% da produção agropecuária no território é de origem não familiar, mostrando a expansão desta atividade econômica na região. O agronegócio pode aprofundar desigualdades na região, em razão da maior concentração de terras aos grandes produtores, bem como pelo aumento dos preços de custo de vida nas cidades, contribuindo com expulsões da população com menor condição socioeconômica. No que tange ao contexto das universidades, os Restaurantes Universitários (RU) oferecem refeições acessíveis e nutritivas aos estudantes, o que corrobora com a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional, além de serem espaços de socialização importante para a comunidade acadêmica. Em 2020, com a chegada da pandemia de COVID-19 no Brasil, foi necessário a adoção de algumas medidas de contenção, tais como o isolamento social, que impôs a suspensão das aulas presenciais nas escolas e universidades, além da interrupção das atividades dos restaurantes universitários, como no caso da UFOB. Essa suspensão pode ter gerado impactos negativos nas condições alimentares dos estudantes, muito embora a instituição tenha oferecidos auxílios em forma de pecúnia para os alunos em maiores condições de vulnerabilidade. Esta pesquisa constitui parte integrante de uma pesquisa de mestrado em andamento, que tem como objetivo compreender os impactos da pandemia de COVID-19 na (in)segurança alimentar de universitários na Universidade Federal do Oeste da Bahia.