Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 011: Antropologia da técnica
Culinária na Floresta: técnicas indígenas na produção alimentar amazônica
Há uma grande diversidade de modos de processar e consumir as espécies vegetais pelos povos tradicionais da Amazônia, o que se desdobra em distintos modos de conhecer, produzir e promover a biodiversidade da floresta. A riqueza de técnicas e operações de transformações, construída ao longo do tempo e conectada às formulações cosmológicas, foram e são empregados nas transformações de plantas de modo amplo ou transversal, sejam estas cultivadas ou não, domesticadas ou silvestres, nativas ou exóticas, da roça, da floresta ou da capoeira. Neste trabalho, apresentamos um recorte sobre três espécies vegetais – o açaí (euterpe sp), a batata mairá (casimirela sp) e o umari (poraqueiba sp) –, observando os modos de transformação técnica que permitem a obtenção de ingredientes fundamentais (a goma e a massa) ou a alteração dos estados da matéria vegetal (defumação, fermentação). A elaboração conceitual e prática dos povos indígenas sobre os frutos está expressa não apenas nos modos materiais de transformação, mas também nas cosmologias e nos ritos a ela unificados, isto é, numa cosmotécnica, como procuramos evidenciar na análise sobre o umari entre os povos Tukano do Noroeste Amazônico. Este fruto, cultivado e não cultivado, presente nas capoeiras e na floresta, e suas diversas formas de processamento, nos ajuda a pensar como a técnica se apresenta como uma profícua ferramenta de dissolução de antinomias adotadas historicamente para falar da imbricada relação dos povos indígenas com a floresta amazônica.
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