Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 010: Antropologia da percepção e dos sentidos
Descrevendo formas de acesso de uma pesquisadora com deficiência as tecnologias assistivas
Com as políticas afirmativas nas universidades públicas, muitos grupos subalternizados, dentre eles o das pessoas com deficiência, encontraram a possibilidade de fazerem pesquisas que envolvam suas reais aspirações, visto que deixaram de ser o objeto da pesquisa para serem os sujeitos produzindo conhecimento sobre suas realidades.
Aliado a reserva de cotas destinadas às pessoas com deficiência temos a conquista dos recursos de acessibilidade, tanto no quesito dos recursos humanos propiciado pelas políticas públicas, quanto no avanço das tecnologias assistivas que ajudam pessoas com deficiência a se manterem nos cursos de pós-graduação, pois estes funcionam como extensores de seus corpos. Nesse sentido, levando em conta a autonomia relacional, busquei realizar uma pesquisa autoetnográfica, afim de refletir sobre a autonomia de mulheres com deficiência e dependência complexa e, nesse ínterim, observei o quanto é importante expor sobre a importância que há na relação entre eu, que dou o comando e a tecnologia assistiva, que o recebe, para que o terceiro elemento na relação, o leitor, receba as informações o mais próximo possível do que o primeiro citado desejou transmitir. Dessa forma, o artigo proposto tem o objetivo de descrever algumas questões relacionadas a forma de interação que tenho com o leitor de telas, que hora acelera, ora retarda a produção acadêmica tendo em vista que eu, enquanto mulher cega e mobilidade reduzida, incluindo a funcionalidade prejudicada das mãos, dependo desses recursos para realizar minha pesquisa, e também explorar diversos espaços. Concluímos que apesar das ações afirmativas, a estrutura acadêmica ainda age com capacitismo na medida em que tem resistência em aceitar ou por vezes simplesmente rejeitar as produções acadêmicas que contém especificidades de pesquisadores pós-graduandos com deficiência, afinal são corpos diferentes com funcionalidades diversas que enfrentam as barreiras físicas e de acesso com suas peculiaridades diversas precisando de diferentes formas de estratégias. Assim sendo, existe urgência que a academia se envolva com a justiça defiça, pois apesar das limitações temos grandes possibilidades para desenvolver nosso potencial.