ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 010: Antropologia da percepção e dos sentidos
Descrevendo formas de acesso de uma pesquisadora com deficiência as tecnologias assistivas
Priscilla Isabel Menezes Dantas (UFBA)
Com as políticas afirmativas nas universidades públicas, muitos grupos subalternizados, dentre eles o das pessoas com deficiência, encontraram a possibilidade de fazerem pesquisas que envolvam suas reais aspirações, visto que deixaram de ser o objeto da pesquisa para serem os sujeitos produzindo conhecimento sobre suas realidades. Aliado a reserva de cotas destinadas às pessoas com deficiência temos a conquista dos recursos de acessibilidade, tanto no quesito dos recursos humanos propiciado pelas políticas públicas, quanto no avanço das tecnologias assistivas que ajudam pessoas com deficiência a se manterem nos cursos de pós-graduação, pois estes funcionam como extensores de seus corpos. Nesse sentido, levando em conta a autonomia relacional, busquei realizar uma pesquisa autoetnográfica, afim de refletir sobre a autonomia de mulheres com deficiência e dependência complexa e, nesse ínterim, observei o quanto é importante expor sobre a importância que há na relação entre eu, que dou o comando e a tecnologia assistiva, que o recebe, para que o terceiro elemento na relação, o leitor, receba as informações o mais próximo possível do que o primeiro citado desejou transmitir. Dessa forma, o artigo proposto tem o objetivo de descrever algumas questões relacionadas a forma de interação que tenho com o leitor de telas, que hora acelera, ora retarda a produção acadêmica tendo em vista que eu, enquanto mulher cega e mobilidade reduzida, incluindo a funcionalidade prejudicada das mãos, dependo desses recursos para realizar minha pesquisa, e também explorar diversos espaços. Concluímos que apesar das ações afirmativas, a estrutura acadêmica ainda age com capacitismo na medida em que tem resistência em aceitar ou por vezes simplesmente rejeitar as produções acadêmicas que contém especificidades de pesquisadores pós-graduandos com deficiência, afinal são corpos diferentes com funcionalidades diversas que enfrentam as barreiras físicas e de acesso com suas peculiaridades diversas precisando de diferentes formas de estratégias. Assim sendo, existe urgência que a academia se envolva com a justiça defiça, pois apesar das limitações temos grandes possibilidades para desenvolver nosso potencial.
Palavras-chave: Acessibilidade, acesso, normas acadêmicas