ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 091: Religiões afro-brasileiras e mobilizações afrorreligiosas: enfoques etnográficos e metodológicos contemporâneos
"Nem tão familiar assim": Reflexões metodológicas sobre o lugar do pesquisador-êmico no terreiro Filhos de Oba(SE)
O presente trabalho visa trazer reflexões metodológicas da etnografia realizada no terreiro Filhos de Obá, Laranjeiras–SE, sendo o pesquisador pertencente ao campo”, quais foram os acessos e limites impostos a ele, tendo em vista a dinâmica desta comunidade. Ressalto que a etnografia teve como objetivo compreender as formas de organização política do terreiro Filhos de Obá no processo de garantia de direitos. Desde o final do século XIX as religiões afro-brasileiras têm sido objeto de interesse dos antropólogos, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Muito embora ao longo dos anos tenha se construído um senso comum acadêmico de que para quem está dentro é mais fácil”, ou seja, esta pessoa teria acesso quase que ilimitado ao campo. Neste trabalho trago a problematização de que pertencer ao campo é uma classificação redutora da questão. Uma vez que os povos tradicionais de terreiro são detentores de uma diversidade étnica-religiosa. Diante disso, ser pertencente ou liderança de um segmento não confere ao mesmo conhecimento pleno sobre todas as nações, Axés, linhagens, ramas e famílias existentes dentro dessa cosmologia. Neste trabalho, tomo como ponto de analise, o lugar da liderança de um segmento. Uma vez que sujeito ocupa uma posição dentro da hierarquia, que é reconhecido por todos os segmentos das religiões afro-brasileiras. Isto posto, o passo seguinte é a construção dos acessos, cuja constituição faz emergir os limites. Desta forma, não é possível pensar acessos sem pensar também os limites postos ao pesquisador-êmico durante o trabalho de campo. Finalizo o trabalho tendo como perspectiva metodológica que o contexto etnográfico em questão fez com que repensasse o senso comum sobre o lugar do pesquisador-êmico nesta etnografia. Explícita ainda que o distanciamento é presente no campo, seja ele adotado pelos interlocutores do campo, quando limitam as ações do pesquisador. Assim como do próprio pesquisador que precisa se distanciar do aprendizado que ele detém, para aprender e compreender os conhecimentos que emergem durante a realização do trabalho de campo.