Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 003: Alteridades na universidade: saberes locais e diálogos críticos
Os sentidos da universidade pública nas periferias
Este trabalho tem como objetivo apresentar os achados de pesquisa realizada entre 2015 e 2019 a respeito da expansão do ensino superior brasileiro e a consequente descentralização das instituições públicas para regiões consideradas periféricas e interioranas do país. O foco da pesquisa realizada foi entender a forma como práticas pedagógicas, ações coletivas e produções acadêmicas consideradas "engajadas" são desenvolvidas por professores e estudantes desde as periferias, e seus possíveis impactos nas comunidades locais. O trabalho de campo concentrou-se em três instituições de ensino da Baixada Fluminense, na região metropolitana do Rio de Janeiro: a Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em Duque de Caxias; o Instituto Multidisciplinar (IM) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Nova Iguaçu; e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), em Nilópolis. Através da participação em diversos eventos acadêmicos que pautavam a expansão e maior inclusão social na universidade e de entrevistas realizadas com docentes e discentes vinculados a cursos superiores de Ciências Humanas, Linguagens e Educação, observei como o processo de descentralização da rede pública de educação superior vem acompanhado de transformações, questionamentos e tensões que afetam não apenas os sujeitos que acessam a graduação, mas as próprias instituições de ensino e a forma como tradicionalmente vem sendo desenvolvida a formação acadêmica no Brasil. Esse novo e complexo cenário educacional tem demandado práticas pedagógicas com maior sensibilidade política, relações intelectuais baseadas no afeto e na escuta e uma produção acadêmica conectada às experiências e corporalidades daqueles que a desenvolvem. Um dos resultados da pesquisa indica que a construção de práticas e ações no meio universitário comprometidas e engajadas com a realidade social das periferias e com as condições de vida do corpo discente produz sentidos à experiência universitária favoráveis à permanência de estudantes negros, periféricos e trabalhadores, tornando-se especialmente relevantes em contextos de crise. Observar a universidade pública periférica em um contexto pré-pandemia de Covid-19 pode, inclusive, nos dar luz sobre como seguir adiante com os atuais e complexos desafios.
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