Trabalho para SE - Simpósio Especial
SE 10: Democracias, conflitos e viradas autoritárias em contextos africanos
Pertencimentos (i)legítimos? Estado-nação, etnicidade e crises multiformes no Mali
O Mali, como outros estados africanos, é governado pelo princípio unitário em conformidade com o decreto da então Organização da Unidade África. Contudo, este princípio é desafiado por contestações/rebeliões conduzidas por nações sociológicas fragmentadas por fronteiras coloniais perpetuadas ou por rupturas no bojo da desigualdade de distribuição de riqueza, centralismo político e marginalização. A construção dos Estado-nação no Mali tem sido marcada por sistema político com distribuição de poder formada em torno de grupos étnicos específicos e o fortalecimento das mobilizações/rebeliões com bases étnico-territoriais. A crise no Mali, que eclodiu em 2012, expôs suas profundas fissuras internas em que comunidades de pertencimento, a exemplo da Kel Tamasheq de Azawad e a Fulɓe do Massina. Ambas mobilizam forças de rebelião e reclamam autonomia territorial. As tensões que mobilizam a etnicidade expressam-se, inclusive no contexto da composição de grupos jihadistas como o Daesh e o Jama'at Nusrat al Islam al Muslimeen. Discutir tais questões focando a desintegração do tecido coletivo entre Fulɓe e Dogon na região central é o objeto desta comunicação. O reconhecimento da composição entre unidade nacional e a pluralidade de formações políticas, vai ao encontro tanto das lutas por soberania territorial e cultural, da reivindicação de instituições federalizadas como de Estado que atue como fator de coesão e vetor de investimento econômico coerente e equitativo.
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