Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 072: Migrações, mobilidades e deslocamentos: problemas sociais, desafios antropológicos
Eu passei muitas coisas, tia exercícios de escuta de crianças imigrantes e refugiadas no Brasil
Esta comunicação pretende compartilhar os primeiros resultados do projeto em rede, sediado na
Universidade de Brasília, intitulado Infâncias protagonistas: uma proposta colaborativa de criação de
políticas públicas para a integração de crianças imigrantes e refugiadas em escolas brasileiras. O projeto
foi iniciado em 2022 e conta com fomento do edital Pró-Humanidades do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico/CNPq Brasil. Desenvolvido sob uma abordagem colaborativa e multidisciplinar entre
crianças imigrantes e refugiadas, pesquisadoras brasileiras e estrangeiras, professoras da educação básica,
gestores de instituições de acolhimento e membros da sociedade civil, o projeto dá continuidade a pesquisas
que a equipe já vem realizando desde 2013 em escolas públicas, universidades e ONGs no Brasil, Uruguai,
França, Portugal, Espanha e Moçambique. Embora a Resolução nº 1, de 13 de novembro de 2020, emitida pela
Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, garanta o direito à matrícula em escolas
públicas por crianças imigrantes no Brasil, sua concretização ainda encontra uma série de entraves,
sobretudo por imputar a responsabilização às escolas, sem que tenha havido um debate sobre estratégias de
integração e a devida formação e apoio às professoras. Visando contribuir de forma concreta com essa
questão, a equipe do projeto atua metodologicamente em três frentes: 1. Levantamento de dados bibliográficos
e estatísticos que visam a elaboração de um panorama da inserção atual das crianças imigrantes e refugiadas
em escolas brasileiras; 2. Processos de escuta e cocriação com as crianças por meio de práticas artísticas e
etnográficas, enfatizando seu protagonismo; 3. Formação continuada de professoras, com a elaboração e
realização de oficinas de sensibilização à diversidade cultural em diferentes regiões do país. Embora três
frentes do projeto estejam sendo desenvolvidas paralelamente, neste momento pretendemos enfatizar a segunda
(processos de escuta e cocriação com as crianças). Por este motivo escolhemos a frase que dá título a essa
comunicação, que foi pronunciada por uma de nossas interlocutoras, uma menina venezuelana moradora do
Distrito Federal/Brasil. Assim como ela, diversas crianças imigrantes e refugiadas têm compartilhado suas
histórias não apenas de imigração - conosco. Essas histórias estão dando origem a um podcast e jogos (de
cartas e de tabuleiro) que pretendemos apresentar e colocar em debate com as participantes da Mesa.