Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 005: Antropoceno, Colonialismo e Agriculturas: resistências indígenas, quilombolas e camponesas diante das mutações climáticas
Um habitar multiespécies nas margens da metrópole: modos de ocupar e plantar na Comuna da Terra Irmã Alberta (São Paulo/SP)
Este trabalho propõe-se a apresentar um conjunto de histórias e relações intrincadas de luta por terra e território, construídas ao longo dos 21 anos de ocupação e (re)existência na Comuna da Terra Irmã Alberta, acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) localizado na periferia noroeste do município de São Paulo (SP). No amplo rol de relações implicadas no fazer-mundos local, o objetivo deste trabalho será compor um breve panorama acerca dos entrelaçamentos entre modos de ocupar e de plantar, a partir de um olhar sobre as especificidades que permeiam as questões agrária, de produção de alimentos e de composições multiespécies nas paisagens do acampamento. Nesse sentido, será importante rastrear e incluir neste debate os arcabouços conceituais que perpassam os discursos político-epistêmicos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que atualmente vêm incorporando extensivamente à sua agenda pautas atreladas à questão ambiental, propondo soluções populares à crise climática ocasionada pelo projeto capitalista e monocultural moderno. Essas soluções encontram-se em sua maior parte associadas à adoção da Agroecologia, de partida concebida como modelo agrícola e alimentar antagônico ao agronegócio contemporâneo, como diretriz central para o seu Programa de Reforma Agrária Popular. Assim, noções como produção, terra, meio ambiente/natureza e agroecologia serão abordadas neste trabalho enquanto categorias políticas sem-terra que são empunhadas como bandeiras a nível nacional e apropriadas e significadas localmente a partir de processos e demandas sociais locais.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
Associação Brasileira de Antropologia - ABA