Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 024: Antropologia e Turismo: transversalidades, conflitos e mudanças
O itinerário das águas de São João Maria
O imaginário popular tem inspirado rotas e caminhos turísticos. No Sul do Brasil, há uma hagiografia popular sobre o monge João Maria que é constantemente atualizada em diferentes contextos. Há itinerários demarcados no Estado do Paraná, com parques que investem no ambientalismo e defesa da natureza, amparados por ensinamentos e profecias do monge. As romarias privilegiam a relação com o sagrado e as curas que são a ele atribuídas. Em Santa Catarina, além das cidades que compõem o roteiro do conflito do Contestado, que cultuam a história e as marcas da passagem do monge, em Canoinhas foram realizadas cinco edições da Cavalgada de São João Maria. No oeste catarinense, os caboclos e os povos indígenas, que foram marginalizados pelo processo de colonização, implementado, especialmente no final do Século XIX e início do XX, rememoram e transmitem às novas gerações a importância da preservação dos modos de conhecimento transmitidos pelo São João Maria como costumam se referir. As narrativas dos ancestrais sobre o monge são adotadas para ressignificar lugares e traçar novas rotas para a visitação pública. As fronteiras impressas no espaço pela colonização dificultaram o acesso às fontes do monge. No presente, há uma tentativa de incluir e dar visibilidade aos olhos d'água reconhecidos como pontos do itinerário do monge. A pesquisa busca além de mapear e acompanhar a visitação das fontes de águas consideradas santas no interior do município de Chapecó, SC, refletir sobre os significados e práticas do culto ao São João Maria no presente.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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