Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 003: Alteridades na universidade: saberes locais e diálogos críticos
Políticas Afirmativas na UFRN
Quando a política de cotas foi sancionada em 2012, eu tinha apenas 9 anos. Quando prestei o vestibular e passei - através dessa cota e da escola pública - consegui entender a dimensão que aquela política afirmativa teve na minha vida e na vida de outros colegas não brancos.
Dentro da universidade, consigo ver e ouvir relatos de amigos não brancos que necessitam totalmente dessas políticas afirmativas para se manterem na graduação e pós-graduação.
Quando me encontrei trabalhando no formulário de ações afirmativas para a pós graduação de antropologia (área que pretendo atuar) me vi revendo muitas coisas do passado e do presente.
Entrar numa universidade federal é algo extremamente tocante, mas quando as portas se abrem e podemos ver o que estar lá dentro, nem sempre é resultado é positivo. Numa universidade não pensada para corpos como o meu, como minha subjetividade e meus sentimentos poderiam ser lidados? Era essa á pergunta que passava pela minha cabeça por algum tempo (as vezes ainda bato na mesma tecla) mas após entender o que são ações afirmativas e pensar as possibilidades diversas que podem trazer, meu vez repensar o possível futuro de uma universidade federal.
As ações afirmativas - me referindo á UFRN - trouxeram grande retorno com as questões de pesquisas e intelectuais indígenas. O departamento de antropologia hoje, pode contar com pessoas como Meyrianne, mulher indígena e doutor de antropologia. A força que ações afirmativas podem ter para o crescimento intelectual de pessoas não-brancas é algo que deve ser prioridade. O que fortalece, da voz, da fôlego é o real conhecimento sobre quem somos e onde pertencemos.
Enquanto bolsista do professor Gilson Rodrigues, aprendi á ver certas posturas estruturais com outros olhos, olhos mais fortes dessa vez. Porquê seremos muito, nossos conhecimentos serão diversos e grandiosos e ninguém vai poder nos dizer ao contrário.
Atualmente estou terminando a graduação. Então, pra me ajudar á pensar em minha manografia e na minha formação de cientista e mulher, estou lendo o tão amado “Os condenados da terra” do Frantz Fanon, reelendo “Memórias Póstumas de Bras Cubas” do Machado de Assis e “Transgredindo á educação” da Bell Hooks. Essas três leituras moldam um pouco á minha subjetividade e o meu anseio profissional. Agradeço ao professor Gilson, e a Matheus que se somou conosco para criação desses formulários. Foram meses agregadores.
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