Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 035: Cidades e citadinidades: questões de Antropologia Urbana
Rolê na cidade: o rolimã enquanto prática de resistência, disputa e legitimidade
Este texto discute aspectos estruturantes da prática do carrinho de rolimã, com base em uma etnografia realizada na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) entre 2019 e 2022. As primeiras impressões indicavam que o movimento do rolimã, com equipes de competição, agremiações e organizações de eventos na RMBH, se tratava de uma ampla e coordenada ação, de um grupo coeso de pessoas, em torno de um mesmo propósito. Com uma densa e prolongada permanência em campo, encontrei um movimento marcado por disputas, interesses e apropriações múltiplas que limitam, ao mesmo que conformam, uma comunidade de prática. Tal prática emerge de uma construção coletiva, urbana e marginal, cuja análise encontra grande ressonância nas teorias da aprendizagem situada de Jean Lave e da abordagem ecológica de Tim Ingold, bem como na perspectiva do urbano enquanto território de disputas. Nesse sentido, o presente texto coloca em relevo três aspectos estruturantes da prática do rolimã na RMBH: a participação das mulheres nos eventos, a partir da noção de cidade sexuada de Michele Perrot; as disputas territoriais destes grupos com os ordenamentos do Estado e do capital, na perspectiva de cidade enquanto direito, de Henri Lefebvre; e a busca por legitimidade de uma prática marginalizada, pelo prisma do consumo como constituidor de identidades, segundo Michel de Certeau. Assim, homens e mulheres, adultos e crianças, participam, constituem e são constituídos por uma prática polissêmica, contraditória e essencialmente situada.
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