ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 035: Cidades e citadinidades: questões de Antropologia Urbana
Rolê na cidade: o rolimã enquanto prática de resistência, disputa e legitimidade
Luciano Silveira Coelho (UEMG)
Este texto discute aspectos estruturantes da prática do carrinho de rolimã, com base em uma etnografia realizada na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) entre 2019 e 2022. As primeiras impressões indicavam que o movimento do rolimã, com equipes de competição, agremiações e organizações de eventos na RMBH, se tratava de uma ampla e coordenada ação, de um grupo coeso de pessoas, em torno de um mesmo propósito. Com uma densa e prolongada permanência em campo, encontrei um movimento marcado por disputas, interesses e apropriações múltiplas que limitam, ao mesmo que conformam, uma comunidade de prática. Tal prática emerge de uma construção coletiva, urbana e marginal, cuja análise encontra grande ressonância nas teorias da aprendizagem situada de Jean Lave e da abordagem ecológica de Tim Ingold, bem como na perspectiva do urbano enquanto território de disputas. Nesse sentido, o presente texto coloca em relevo três aspectos estruturantes da prática do rolimã na RMBH: a participação das mulheres nos eventos, a partir da noção de cidade sexuada de Michele Perrot; as disputas territoriais destes grupos com os ordenamentos do Estado e do capital, na perspectiva de cidade enquanto direito, de Henri Lefebvre; e a busca por legitimidade de uma prática marginalizada, pelo prisma do consumo como constituidor de identidades, segundo Michel de Certeau. Assim, homens e mulheres, adultos e crianças, participam, constituem e são constituídos por uma prática polissêmica, contraditória e essencialmente situada.