Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 001: A produção de conhecimentos em situações de conflito
Conflito ambiental em torno da Ferrovia Paraense: a investigação pública das comunidades quilombolas do Baixo Caeté em Abaetetuba-PA
O proposito deste estudo de caso é descrever o processo de investigação pública (DEWEY, 1974, 2004) realizado pelas comunidades quilombolas Laranjituba e África, localizadas no nordeste do Pará, e seus aliados no conflito ambiental em torno da Ferrovia Paraense, que afetará seus territórios. Anunciada em 2016, a Ferrovia Paraense é um empreendimento de infraestrutura que tem como objetivo escoar as mercadorias do agronegócio e mineração da região sul e sudeste do Pará pelos portos marítimos na região portuária de Abaetetuba-PA e Barcarena-PA. Para isso, várias comunidades rurais quilombolas e camponeses terão seus territórios afetados. Porém, em 2017, as comunidades tradicionais, ONGs e políticos locais se organizaram na Frente de Defesa do Território e passaram a produzir conhecimento que orientam suas ações de resistência e fundamenta seus argumentos em disputas nas arenas públicas. A partir da observação participante e entrevistas não estruturadas, é possível verificar um conhecimento baseado na biointeração (SANTOS, 2015) com o território dos povos tradicionais, que questiona os argumentos do governo do Pará a respeito das medidas de proteção ambiental. Por outro lado, a operação de investigação pública da Frente de Defesa do Território tem estabelecido causas e motivos do empreendimento que fazem se reposicionar no processo do conflito ambiental, ao identificar aliados e adversários, complexificando a crítica acerca da Ferrovia Paraense.
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