Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 025: Antropologia(s) Contemporânea(s) e Sofrimento Psíquico
Biblioterapia e Redução de Danos: por emancipação de sujeitos.
A ideia de criar o Grupo de Cidadania em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS ad) surgiu, a partir da reflexão acerca de uma frase dita por paciente: "ninguém presta atenção ao que um bêbo fala". Tal afirmação revelava um sentido de invisibilidade e, assim, buscou-se constituir um espaço terapêutico voltado à socialização, que tivesse como dispositivo a promoção de atenção e cidadania. Para tanto, adotou-se como recurso terapêutico a leitura biblioterápica. Com essa escolha, buscamos instigar relações e produções que emergem, não de sugestionamentos ou identificações, mas, propriamente como devires. Um processo que propicia linhas de fuga, desviando-se de modelos, para produzir libertação de fluxos e espaços de criação. Desse modo, a partir de encontros semanais, as discussões produzidas engendram um cuidado, que é delineado como um código aberto, que se abre a novas (e ilimitadas) interpretações e conexões. E, apoiados em textos literários, poemas, contos e letras de música, que privilegiem histórias e autorias negras, como Conceição Evaristo e Cuti Silva, suscitamos o espelhamento de histórias pessoais e reinserções em outras temporalidades. Assim, estabelecendo outras redes dialógicas e interpretativas, abre-se caminho para novas possibilidades terapêuticas, quer seja pacificando emoções ou restabelecendo fluxos vitais, que visem a regenerescência do sujeito e da subjetividade.