ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 062: Fronteiras e fabulações: antropologias especulativas e experimentos etnográficos
Ciência, ficção, farmacologia e gênero: tecnologias drag e trans a partir do trabalho artístico de Valentim Dias
A presente proposta de trabalho busca refletir e acompanhar, de forma colaborativa, o processo criativo do artista visual, transmasculino não-binário e drag king Valentim Dias (Don Valentim) na produção de um trabalho artístico que expõe sua composição artística e corporal como drag e pessoa trans. Neste trabalho artístico, ainda sem nome e em construção, o artista propõe, em suas palavras, experimentação com diversos materiais, explorando tecnologias drag e trans para pensar sua própria trajetória artística. Os materiais que o artista utiliza provocam uma relação entre ciência, ficção, corpo, tecnologias farmacológicas, arte e tecnologia drag. Uma cabeça de isopor (utilizada para perucas) revestida de fitas tape (utilizadas por pessoas trans para reduzir volumes dos seios), com alfinetes, pedrarias, bandejas, vidros, exploram objetos que emulam experimentações laboratoriais e científicas, com experimentações drag e trans. Nesse processo, Valentim Dias pensa o artista como o cientista, explorando suas criaturas drags, seu corpo, e a própria ciência como ficção e produtora de tecnologias corporais. Assim, conectando com a proposta deste grupo de trabalho, esta apresentação propõe pensar a produção de conhecimento em diálogo com outras formas expressivas, neste caso, uma exposição artística. Desse modo, proponho refletir as relações entre ciência, ficção, farmacologia e gênero a partir do diálogo da produção artística em questão com o que Paul Preciado chamou, em Testo Junkie, de processo biodrag para se referir à ficções somáticas (como pílula) de feminilidade e masculinidade. Além disso, as reflexões da historiadora Susan Stryker (2021) em Minhas palavras para Victor Frankenstein acima da aldeia de Chamonix: Performar a fúria transgênera sobre as tecnologias biomédicas e seus efeitos pretensiosamente naturalistas irão compor esta apresentação de forma central, além da relação entre gênero, performance e arte que autora explora. Nesse sentido, exploro, impulsionado pelo processo artístico de Valentim Dias, a relação entre ciência e ficção a partir da categoria drag.