Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 059: Experiências e dinâmicas de participação indígena em processos eleitorais e em cargos nos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário no Brasil e na América Latina
Aldear a Política e Retomar o Brasil: política representativa e a construção de um movimento indígena
nacional
O texto a ser apresentado na 34ª Reunião Brasileira de Antropologia são os primeiros desenvolvimentos de
uma pesquisa de mestrado sobre o movimento indígena nacional e suas campanhas em conjunto com breves
apontamentos e reflexões decorrentes da análise dos documentos produzidos a partir do Acampamento Terra
Livre (ATL) de 2022 e de um trabalho de campo a ser realizado no ATL de 2024.
Pretende-se com este investigar a construção de pautas nacionais do movimento indígena a partir da
organização dos povos originários e a defesa, dentro do movimento, da importância das candidaturas aos
cargos do executivo e do legislativo e da necessidade dos votos dos povos originários serem em candidatos
indígenas. Para tal, a pesquisa se debruça sobre a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), suas
formas de organização e espaços de discussão, assim como, sobre as campanhas acerca do voto indígena
realizadas em 2022, especialmente as que defenderam a necessidade de se aldear a política e de que parente
vota em parente.
Hoje, a Apib é a organização indígena do Brasil, com regionais em todo o território nacional e responsável
pela organização dos maiores espaços de debate e de manifestações indígenas com um grande número de pessoas
e de diversos povos. Além disso, ela também foi responsável pelo impulsionamento e divulgação da campanha de
30 candidaturas indígenas em 2022. Para além de expor a necessidade de ampliação do número de parlamentares
indígenas, levanto a hipótese de que essas campanhas informam sobre atritos entre uma política indígena e
dos brancos, - como aponta Sztutman (2013) a partir de Clastres - a política indígena é uma política da
multiplicação e da multiplicidade, ao contrário do que prescreve nossa filosofia política, que é da
unificação, a tensão constante e o choque entre essas concepções, decorrente da participação indígena, pode
nos fazer repensar tanto a política indígena, quanto a política dos brancos ou representativa e confere um
rico espaço de debates para a antropologia.
Nesse sentido, o texto visa debater essas hipóteses da pesquisa e apresentar parte das reflexões acumuladas
até o momento sobre o movimento indígena brasileiro e a organização de seus espaços de assembleia e da
construção de pautas nacionais. Além disso, também busca refletir sobre as possiveis continuidades e
rupturas nas campanhas realizadas em 2022 e que serão debatidas no ATL de 2024.
Referências Bibliográficas:
SZTUTMAN, R. Metamorfoses do Contra-Estado, Ponto Urbe [Online], 13 | 2013, posto online no dia 31 dezembro
2013, consultado o 26 junho 2023. URL: http://journals.openedition.org/pontourbe/893. Acesso em 27 de
Outubro de 2023