Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 057: Etnografias em contextos de violência, criminalização e encarceramento
“ é, e se essa seca do rio trouxer ao menos ao ossada dos nosso filhos?”: notas etnográficas em torno do cárcere, desaparecimento forçado e “feminicídio de Estado” em Manaus.
Há um considerável acúmulo, em reportagens, textos acadêmicos e notas de repúdio de organizações preocupadas com a constante violação de direitos humanos no Amazonas. Esse material versa sobre mortes violentas, desaparecimento forçado e operação vingança, apontam as recorrentes e constantes ações desse tipo, que fazem parte do cotidiano, tendo alvo principalmente moradores/as de periferia, envolvendo e misturando eventos limites e cotidiano, e borrando as fronteiras do ordinário e extraordinário (DAS, 2020) há uma obsolescência das políticas do Estado para combater ou prevenir esses tipos de acontecimentos, sem levar em consideração sua constante participação direta ou indireta nos casos, para além de uma “guerra de números”, que pouco precisam o quantitativo desses tipos de caso.( HIRATA,2021)
O objetivo central dessa comunicação é refletir sobre o fazer etnográfico a partir de situações de violência de Estado, por forças de segurança pública, de um caso específico ocorrido em Manaus.
A partir do acompanhamento de Marilene e Nonata, mães de pessoas vítimas de desaparecimento forçado na cidade, e “feminicídio de estado”, reflito sobre atravessamentos em torno do encarceramento, a prisão, as ações policiais, gênero e raça, e como esses marcadores descem ao cotidiano dessas mulheres (DAS,2020), pensando e alargando uma relação de dentro e fora da prisão (LAGO,2019) no cotidiano.
Pesquisar a partir da experiência da instituição prisional e o crime é uma problemática que escapa aos modelos consagrados do trabalho de campo (BIONDI, 2018), do mesmo modo que requer um esforço teórico para compreender as relações de gênero nesse contexto. O ativismo, os movimentos sociais, e a luta pública são um ponto de partida importante, que me insere em capo+ para compreender relações de encarceramento, mortes violentas, criminalização e Estado (PADOVANI, 2015; MALART, 2014, 2019; LAGO 2014, 2019; GODOI, 2017, BUMACHAR, 2016).